As demandas dos produtores rurais da região oeste da Bahia foram apresentadas ao governador do Estado, nesta segunda-feira (7), durante audiência, na governadoria, que reuniu o chefe do executivo estadual; o presidente da Aiba, Júlio Cézar Busato; o presidente da Abapa, Celestino Zanella, e secretários de Estado.
O grupo ficou reunido por mais de duas horas e tratou de temas relevantes. Na ocasião, o presidente da Aiba apresentou a relação das obras do governo do Estado que contam com o apoio financeiro dos produtores rurais. Na lista estão: a construção da Base Avançada do Graer, em Barreiras; a manutenção da BA-459 (Anel da Soja), nos trechos entre São Desidério/Roda Velha e Correntina/Rosário, perfazendo 380 Km; a recuperação de estradas vicinais, através da parceria com a patrulha mecanizada da Abapa; além do programa de melhoramento genético da soja, que vem sendo desenvolvido pela Fundação Bahia em parceria com a Embrapa, na busca de variedades mais produtivas e rentáveis para o agricultor; e o laboratório Fazenda Modelo, com o programa jovem aprendiz para preparar os jovens para o mercado de trabalho.
“Estamos fazendo muito com o pouco que nos foi dado”, pontuou Busato, ao mostrar os resultados dos projetos financiados com recursos do Fundo. Para ele, a parceria entre produtor rural, por meio do Prodeagro e Abapa, com o governo do Estado e com algumas prefeituras da região tem obtido um efeito multiplicador muito positivo. “Os resultados já começam a transformar a região oeste”, ressaltou.
O presidente da Aiba defende o aumento da arrecadação do Fundo, que é originário do crédito de ICMS dos produtores. Busato acredita que o aumento no valor do Prodeagro permitiria que mais obras fossem realizadas. “Esse recurso deveria ser gasto nas propriedades rurais, porém estamos abrindo mão deste crédito para gastarmos na infraestrutura da região, pois dela dependerá o nosso futuro e de nosso negócio. Tudo isso interfere no preço das commodities. Se não formos competitivos, perderemos para o mercado americano, argentino e qualquer outro que oferecer melhores condições”, disse, se referindo ao aumento de 4% de ICMS sobre os fertilizantes, o que gerou um impacto da ordem de R$ 50 milhões para os agricultores.
Segundo ele, um produtor de soja americano embarca uma tonelada do grão em um navio ao custo de U$ 25, enquanto o produtor baiano gasta três vezes mais para exportar a mesma quantidade. Isto dá uma diferença de US 175/ha. “Este valor é aproximadamente o que o produtor baiano ganha em sua lavoura nos bons anos de chuvas, ou seja, precisamos melhorar nossa estrutura de transporte e logística, para diminuir as desigualdades, aumentar nossa competitivas e continuarmos crescendo”, argumenta.
Já o presidente da Abapa, Celestino Zanella, enfatizou sobre a importância de se implantar, na região, indústrias esmagadoras de caroço de algodão e de um moinho para trigo, além de incentivar a pesquisa de variedades de soja, algodão, cevada, para uma maltrateis. Na sua opinião, esses são vetores para o progresso da região, que depende basicamente da união de recursos para tirar do papel esses importantes projetos.
Operação Safra
Quando o tema foi segurança no campo, os agricultores solicitaram a intervenção do Estado para reduzir o número de assaltos em propriedades rurais. A categoria reivindica o envio de um helicóptero, mais viaturas e um maior contingente de policiais à região, com o intuito de reforçar a Operação Safra.
Instabilidade Energética
Os presidentes da Aiba e da Abapa falaram, ainda, sobre a falta de disponibilidade de energia elétrica para a região. Ao secretário estadual de Infraestrutura, Marcus Cavalcanti, eles disseram que a situação trava o desenvolvimento do oeste baiano, pois falta tanto cargas como de linhas de distribuição e subestações para a implantação de novas indústrias e projetos de irrigação. O tema já foi tema de discussões entre o titular da Seinfra e o presidente da Aiba outras vezes.
“Não possuímos praias nem polo petroquímico. Isto quer dizer que a nossa vocação não é o turismo e também temos poucos geradores de emprego e renda. A região depende muito dos agricultores e do agronegócio, conforme atestam os dados do IBGE, que apontam que o município de Luís Eduardo Magalhães tem 60% de área ocupada com agricultura e possui uma rena anual per capita de R$ 43.825, ocupando o 4º lugar no ranking do IDH da Bahia. Outro exemplo é São Desidério, que possui o maior PIB brasileiro do agronegócio, com uma renda anual per capita de R$ 38.428. Já os municípios onde essa ocupação é menor cai também o Índice de Desenvolvimento Humano. Veja a cidade de Cocos, que tem apenas 6% de sua área ocupada sua renda per capita anual é só R$ 7.175, deixando-o no 173º lugar no ranking do IDH do Estado. Esses números são ainda pior nos municípios onde não há a agricultura empresarial, a exemplo de Barra, que tem uma renda per capita de R$ 2.527 e o 347º IDH”, indagou Busato.
Suspensão de Matrículas
A questão da suspensão das matrículas de alguns produtores também entrou na pauta da reunião. Os representantes dos agricultores disseram que a medida está gerando uma insegurança jurídica na região, em função de não ter sido encontrado o destaque do patrimônio público na cadeia dominial pelos cartórios, ocasionando muitos transtornos à classe.
Os secretários de Agricultura e do Desenvolvimento Rural, Vitor Bonfim e Jerônimo Rodrigues, respectivamente, que estavam presentes na reunião, demonstraram pleno conhecimento dos fatos. O governador Rui Costa se comprometeu e, trabalhar para a solução dos problemas, em prol do desenvolvimento da região e da melhoria das condições de vida da população.
Ascom Aiba