A Fundação Cultural do Estado da Bahia (Funceb), unidade vinculada à Secretaria de Cultura do Estado (Funceb/SecultBA), chega a Barreiras, distante 771 km da capital baiana, para apresentar a 66ª edição dos Salões de Artes Visuais da Bahia. Segundo macroterritório do estado a ser contemplado com a mostra coletiva, a abertura será no dia 13 de novembro (quarta-feira), na Casa Amarela – R. Mal. Deodoro, 273 – Vila Dulce, até 13 de dezembro de 2024. A entrada é gratuita.
A exposição coletiva reunirá obras premiadas e selecionadas dentre diversas modalidades artísticas, como pintura, instalação e escultura. Em Barreiras, serão expostas obras de artistas da cidade e dos municípios de Correntina e Ibotirama: Coletivo Lambança (Correntina); Ezequiel Vitor Tuxá (Ibotirama); Felipe Rezende (Barreiras) e Pinta Silva (Ibotirama). Este ano, serão realizadas seis edições nos seis macroterritórios do estado, retomando a itinerância original do projeto, que começou em 1992.
Sobre os artistas e suas obras
Coletivo Lambança
Flavia Gilly é artista, professora e pesquisadora, membro do Coletivo Lambança. Licenciada em Educação Artística com ênfase em Artes Plásticas pela Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro (EBA-UFRJ), formada em 2017, também possui formação complementar em Ilustração Digital e Tratamento de Imagem pelo SENAC-SP, com certificação em Illustrator e Photoshop CC. Atualmente, leciona Artes no Ensino Médio no Colégio Estadual Duque de Caxias, em Correntina–BA.
Na instalação ‘Maria de Lara: Mãos que benzem’, “o projeto surgiu do desejo de homenagear essa benzedeira, valorizando suas práticas cheias de riquezas culturais e ancestrais, e provocar a comunidade à reflexão sobre pertencimento, memória e identidade de seus territórios através da arte”, declara a artista. Maria de Lara, nascida em 21 de fevereiro de 1932 em Bom Sucesso, município de Correntina-BA, foi uma figura notável no Vale do Rio Arrojado e em toda Correntina. Faleceu em 08 de junho de 2012, deixando um legado poético de simplicidade e riqueza cultural entre o povo do Cerrado baiano.
Ezequiel Vitor Tuxá
Nascido em 1997 na Aldeia Tuxá Kiniopará (Ibotirama, Bahia), é multiartista, psicólogo, escritor, ilustrador e pesquisador. Lecionou as disciplinas Cultura Indígena e História, em 2016, no colégio de sua comunidade e estudou Psicologia na Universidade Federal da Bahia (UFBA). Realizou os projetos “Audiolivro Tuxá Kiniopará” e “Álbum Sonoro Tuxá Kiniopará”. Em 2022, lançou o romance “O que falam as águas?”. Em 2023, assumiu o cargo de Analista de Acessibilidade, Diversidade e Cidadania no Centro Cultural do Cariri (Crato-CE). Atualmente, é Referência Técnica na Atenção Psicossocial e Bem Viver no Distrito Sanitário Especial Indígena (Salvador-BA).
Sua pintura ‘Traspassado’ é a tentativa de equilibrar-se na vida. “São tempos escassos para os indígenas nordestinos, mas ainda há esperança, pois o céu está bonito para chover, e ainda é possível aparar a chuva com a boca e celebrar a infância. Eu trouxe minha criança interior para a cena, armada, ferindo o tempo presente, como a personificação das experiências e emoções infantis que continuam a afetar nossas reações emocionais e nossas relações com o outro. Foi o jeito que encontrei de dizer que eu, enquanto indígena, também preciso de cuidados psicossociais. Equilibrar-se para alcançar o Bem Viver”, reflete o artista e suas inspirações.
Felipe Rezende
É um artista visual formado pela Universidade Federal da Bahia (UFBA). Atualmente, vive e trabalha entre Barreiras – BA e São Paulo – SP. Sua pesquisa é povoada por uma sucessão de elementos que vão do cotidiano ao absurdo. Muitas das ideias de sua produção transitam entre os interstícios do sonho e do testemunho, da ficção e da realidade. Para isso, costuma trabalhar principalmente com desenhos sobre papel ou pinturas sobre materiais que carregam consigo uma “história”, como restos de construção, objetos usados e, especialmente, lonas de caminhão.
Em seu trabalho ‘Eu Tentei Escapar’, “me debruço sobre (im)possíveis planos de fuga. Na parte de cima à direita da pintura, vemos um homem equipado com um par de asas mecânicas que parecem estar definhando. Vemos um outro homem, na parte debaixo à esquerda, remando em um barco vermelho, rumando para fora da pintura. No fundo, à direita, pode-se ver uma ogiva nuclear e, logo mais à frente, vemos emergir o próprio Monstro da Lagoa Negra, segurando uma cruz de madeira. Abaixo dele, um jacaré fossilizado. O arranjo articula, de forma lacunar, uma narrativa absurda sobre tentativas de escapar”, descreve o artista sobre a sua obra.
Pinta Silva
Neilson da Silva Pinto de Jesus Santos Pinta Silva nasceu na Cidade de Ibotirama-BA. Passou quase toda sua infância e parte da juventude no interior e município de Morpará-BA, entre as comunidades de Capão e Quixaba. Desde muito cedo, apresentava gosto e jeito pelas artes, onde inspirado e motivado pelos pais, aprendeu quase tudo sozinho. Hoje artista reconhecido, tem obras espalhadas mundo afora, como Itália, EUA, Japão, Austrália, Nova York, Paris e outros. Participante ativo e membro da Revista Tela Artesanato desde a 3° edição, esta é a segunda vez a participar dos Salões das Artes, é também poeta e compositor, autodidata e autônomo.
As esculturas presentes no trabalho intitulado ‘O Coral das Carrancas nos Berais do Chico Velho’ foram inspiradas na carranca que é um símbolo da cultura Ribeirinha. “Reza a lenda que a carranca dava três suspiros avisando o pescador dos perigos que o rio apresentava naquele dia. Hoje vista como amuleto de proteção, ainda resiste nas entradas de pontos comerciais, servindo também, além de objeto decorativo, para espantar mal olhado, olho gordo, inveja e outros. A imagem das carrancas resiste como uma forma de registrar essa tão bela imagem que representa os costumes da cultura Ribeirinha. A arte é a única ferramenta que transforma qualquer matéria bruta em jóia”, diz Pinta Silva.
Sobre os Salões de Artes Visuais da Bahia
Criados em 1992, os Salões de Artes Visuais da Bahia consolidaram-se como um dos principais instrumentos de incentivo à criação e difusão de produção artística e à dinamização dos espaços expositivos do estado da Bahia. Assim, a 66ª edição dos Salões de Artes Visuais da Bahia, que será realizada em 2024, visa apresentar ao público uma mostra contemporânea em Artes Visuais, retomando suas exposições distribuídas nos seis macroterritórios da Bahia, oportunizando o acesso a essa produção para um público diversificado, oriundo de diversas cidades do estado. Além de divulgar o trabalho dos artistas, pretende-se estimular a reflexão sobre temas das artes contemporâneas por encontros formativos e bate-papo com os artistas.
Serviço:
Salões de Artes Visuais da Bahia – 66ª Edição
Barreiras
Abertura: 13 de novembro, 19h
Visitação: 13 de novembro a 13 de dezembro de 2024
Quinta a sábado, 9h às 12h / 16h às 19h
Bate-papo com artistas: 14 de novembro, 16h
Local: Casa Amarela
+ info: https://www.ba.gov.br/fundacaocultural/
Fonte: Ascom/Funceb
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