O brasileiro mais atento já notou que houve uma politização do judiciário. Àquele que deveria zelar pelos nossos direitos, está impregnado do mesmo dualismo pragmático político que toma conta de toda a sociedade brasileira. Nos últimos meses vimos o outrora lerdo Procurador Geral da República, Rodrigo Janot, assanhado em final de mandato, numa caça ao mandato do presidente Michel Temer. Rodrigo Janot foi responsável por conduzir e aprovar um acordo de delação premiada, com os irmãos Wesley e Joesley Batista, do Grupo JBS, que faria enrubescer qualquer estagiário de Direito. Os termos do acordo de Janot indignaram grande parte da população brasileira, mas não o Supremo Tribunal Federal, que em julgamento na última semana, entendeu como válido o acordo, somente passível de mudança, por uma causa grave superveniente. Interessante, que antes da delação dos irmãos da JBS, Janot em que pese várias denuncias contra Lula, Dilma e Renan Calheiros, agia como um vacilão, no melhor jargão do linguajar moderno. Tanto que o juiz Moro e o procurador Deltan Dalagnoll, detinham os holofotes da mídia na cruzada contra a corrupção endêmica que afeta a política nacional. Mas com a queda de Dilma, Janot, que antes parecia um vegetal na procuradoria, tornou-se mais ativo, e com a delação rápida dos irmãos Batista, tratou de realizar o sonho de todo petista ou esquerdista, colocar Aécio Neves sem mandato e com um pedido de prisão, por suposta obstrução à Lava Jato. O leitor(a) mais zeloso e apartidário, concordará comigo, de que independente de partidos políticos, os corruptos devem ser punidos. Mas, pergunta-se porque a Justiça foi rápida com Aécio e claudicante com Luis Inácio, Dilma e Renan. Política, partidarismo arraigado dentro do Judiciário. Da mesma forma, sem qualquer cerimonia e com muita desfaçatez, o ministro do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, defende os interesses do governo Temer, não se importando com o juízo que a população faz de si, tendo comandado julgamento no TSE de forma circense, e que acabou numa bela pizza, termo usado para indicar um julgamento viciado em sua totalidade. É um descalabro. Que o Judiciário tem suas mazelas, todos sabemos, faltam verbas, faltam funcionários, são muitos processos e poucos juízes, todas estas questiúnculas que colaboram para a morosidade nas demandas jurídicas. Agora, a politização do judiciário é algo grave. Ocorre no judiciário, o que vem ocorrendo na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), há algum tempo, a tomada de grupos políticos para se aproveitarem da instituição. Lamentável. No entanto, já disse em outras oportunidades, a despeito de vivermos num sistema multipartidário, estamos entregues ao dualismo político dos pró lulistas e anti lulistas. Janot e Gilmar Mendes são apenas os exemplos mais enfáticos deste dualismo que contaminou o Judiciário. Uma pena, o brasileiro(a) comum, já não acredita em mais nada, as instituições brasileiras estão contaminadas pela desfaçatez política e por este dualismo que corrói os sonhos do brasileiro visionário ao mais simples pagador de impostos. Só nos resta rezar, e esperar que Deus não tenha partido.