Após apresentar a própria história em “Na Minha Pele” (Objetiva, 2017), Lázaro Ramos percebeu que muitos de seus leitores se sentiram representados com o livro e entendeu que precisava dar sequência ao debate. Passados oito anos, o baiano entrega um segundo volume: “Na Nossa Pele – Continuando a Conversa” (Objetiva, 2025).
Na obra, ele volta a falar sobre a trajetória do menino que cresceu no bairro do Garcia, em Salvador, e se tornou ator, diretor e também escritor de sucesso. Mas também faz uma retratação consigo mesmo ao dar protagonismo também à história da mãe, Célia Maria do Sacramento.
A mulher trabalhou como empregada doméstica e chegou a ser agredida com uma bofetada por uma patroa — agressão presenciada por Lázaro, então um menino de 10 anos. No livro, ele afirma que apagou essa história até 2019, quando foi atormentado pelas lembranças em pesadelo.
Em entrevista ao g1, no Palacete Tira Chapéu, no Centro Histórico da capital baiana, o artista disse que ainda tem dificuldade de descrever como se sente ao tornar essa e outras histórias públicas.
“É um lugar vulnerabilidade”, resumiu ao falar com o portal na sexta-feira (21), véspera do lançamento que ele vai realizar neste sábado (22), na livraria LDM do Vitória Boulevard, a partir das 15h.
“Eu entendo que faz parte também do meu processo de cura, de olhar pra isso e me cuidar. (…) Ao colocar para fora — e acabou sendo colocado para o mundo também — parece que tira um peso e parece que você identifica qual é a sua missão, qual é o novo legado”.
Ao longo da obra, Lázaro destaca que precisou de um tempo para entender que a mãe foi silenciada pelas opressões sofridas, ainda que reagisse sempre com doçura. Com a maturidade, ele passou a admirá-la.
“Minha mãe me entregou uma história. Minha mãe lutou por mim, minha mãe trabalhou por mim, minha mãe me deu dengo pra caramba”, elencou os feitos.
Fonte//G1