Trabalhadores que foram demitidos pela empresa R4 Terraplenagem, subcontratada da Enerray Usinas Fotovoltaicas, bloquearam a entrada do canteiro de obras protestando contra a falta de homologação das rescisões contratuais.
Segundo os manifestantes, no dia 11 de setembro a R4 Terraplenagem demitiu 18 colaboradores e homologou a rescisão de apenas 12 deles. No dia 18, também do mesmo mês, outros 28 tiveram seus contratos cancelados, e até a presente data, não receberam seus direitos trabalhistas.
Os manifestantes alegam que as homologações deveriam ter ocorrido até o último dia 28 de setembro. “Enquanto não tivermos nossas rescisões homologadas vamos impedir que caminhões e veículos que transportam materiais cheguem até a obra”, disse um dos demitidos. Outro funcionário, que preferiu não se identificar, disse que entende a demissão, apenas gostaria de receber seus direitos para poder voltar para casa. “Estou sem dinheiro até mesmo para comprar passagem, pois moro em São Paulo e vim para a região com a promessa de um bom emprego”, comentou.
A R4 Terraplenagem é subcontratada da Seci Energia do Grupo Industrial Maccaferri, através da Enerray Usinas Fotovoltaicas, que foi a escolhida pela Enel Green Power para a construção de uma das maiores usinas solar da América Latina, na cidade de Tabocas do Brejo Velho, Oeste da Bahia.
Em contato com a R4 Terraplenagem, nossa reportagem foi informada que devido a inadimplência da Enerray Usinas Fotovoltaicas para com a R4 Terraplenagem LTDA, ficou acordado entre as ‘Partes’ que a contratante (Enerray) realizaria o pagamento das rescisões dos ex-colaboradores da R4, à semelhança do que ocorreu nas últimas demissões, e posteriormente procederia o respectivo desconto dos valores devidos pelos serviços executados da R4 Terraplenagem, que até a presente data não foram pagos, os quais superam o valor das rescisões.
“Toda a documentação pertinente a dispensa dos últimos colaboradores foi devidamente encaminhada para o setor de Recursos Humanos da contratante, tal qual, foi da última vez, no entanto para a infeliz surpresa da R4 Terraplenagem, a contratante não realizou os pagamentos, mesmo a R4 Terraplenagem possuindo valores pendentes de pagamento que superam o valor de todas as rescisões”, disse Mélvin Brasil Marotta, advogado da R4, ressaltando que até o momento a contratante não respondeu os e-mail’s da R4 e sequer as notificações enviadas no que tange ao pagamento dos valores dos serviços prestados.
O advogado informou ainda que as obras do Complexo Solar Ituverava, de responsabilidade da R4 Terraplenagem, foram concluídas no mês de junho de 2017 e finalizou afirmando que a R4 Terraplenagem LTDA esclarece que nunca se furtou de suas obrigações e funda-se suas relações no respeito humano, ético, zelando pelos bons costumes, desempenhando com rigor a função social da empresa.
Nossa reportagem entrou em contato com a ouvidoria da Enerray Usinas Fotovoltaicas pedindo que a empresa se pronunciasse sobre o ocorrido, mas até o fechamento desta matéria não fomos contactados, numa demonstração de descaso da multinacional para com os trabalhadores demitidos.
Diretores do Sindicato dos Trabalhadores da Construção Pesada e Montagem Industrial do Estado da Bahia (Sintepav – Bahia) estão em Tabocas do Brejo Velho e prometem paralisar todos os serviços no Complexo Solar Ituverava até que seja solucionada a questão dos trabalhadores demitidos.
O projeto Ituverava, cujas obras começaram em dezembro de 2015, terá capacidade de 254 MW, com produção anual de energia estimada em 500 GWh. A previsão era que o parque solar entrasse em funcionamento em meados de 2017, mas percalços como esse, atrasaram o cronograma da obra.
Dados divulgados pela Enerray atestam que o Complexo Solar Ituverava será uma das maiores usinas de energia solar da Enel Green Power, que ajudará a suprir à demanda constante de energia elétrica no país – que de acordo com estimativas vai aumentar a uma taxa média de 4% ao ano até 2020.
Fonte: Jornal Nova Fronteira