Brasileiros de 10 Estados e do Distrito Federal deverão adiantar os relógios em uma hora neste domingo (15). A mudança permanece até o dia 17 de fevereiro, quando termina o horário de verão.
Neste ano, estudos realizados pelo Ministério de Minas e Energia apontaram que a adoção da hora adiantada na época mais quente do ano não resulta mais em economia de energia, e que não há relação direta com a redução de consumo e demanda. Essa questão levou o governo a discutir o cancelamento do horário de verão neste ano, mas a falta de tempo hábil para fazer uma consulta à população sobre o assunto adiou a decisão.
Adiantamento dos relógios é adotado anualmente desde 1985
De acordo com autoridades do setor elétrico, a manutenção do horário de verão é considerada uma “questão cultural”. Isso se deve principalmente à popularização dos aparelhos de ar-condicionado, já que os relatórios apontam que a temperatura é o que mais influencia os hábitos do consumidor, e não a incidência da luz durante o dia. Segundo o ministro de Minas e Energia, Fernando Coelho Filho, o pico de demanda atualmente ocorre no início da tarde, entre 14h e 15h, quando a temperatura está mais alta.
No passado, o horário de maior consumo de energia era registrado entre 17h e 20h, quando os trabalhadores retornavam para casa e tomavam banho. Para dar mais folga e segurança ao sistema, adiantar os relógios em uma hora permitia, por exemplo, atrasar o acionamento da iluminação pública nas ruas – o que reduz custos do sistema elétrico. A economia de energia nesse horário ainda ocorre atualmente, mas é menor do que o aumento do consumo verificado durante as madrugadas por causa do uso do ar-condicionado entre meia-noite e 7h.
No ano passado, de acordo com dados do Ministério de Minas e Energia, o horário de verão durou 126 dias e gerou uma economia de R$ 159,5 milhões ao sistema, ao reduzir o acionamento de usinas termoelétricas. No entanto, o custo é considerado irrelevante para o setor. O secretário executivo do Ministério de Minas e Energia, Paulo Pedrosa, disse que, para o governo, a aplicação do horário de verão se aproxima da neutralidade. Em contrapartida, ele afirma que, para a sociedade, para o trânsito e para a vida das pessoas, a impressão é de que a alteração traz mais benefícios.
Ganhos para a população
Diretor-geral do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), Luiz Eduardo Barata, destaca que o horário de verão não serve para reduzir o consumo de energia, mas sim para diminuir a concentração da carga nos horários de pico – hoje, há diminuição de 4% nesse período. Segundo Barata, a mudança traz ganhos inegáveis para o setor de turismo e para a população. Ele defende que a adoção do horário de verão ultrapassa as decisões do setor elétrico.
Nos países desenvolvidos, o horário de verão é mais extenso do que no Brasil. Na Europa, vigora de março a outubro; nos Estados Unidos, México e Canadá, de março a novembro.
– Isso é algo além, que entrou na cultura dos países. Na maioria dos países desenvolvidos, existe horário de verão ou inverno, ou até os dois. E nenhum deles faz isso por economia de energia. Quero crer que isso vale para o nosso país também. O que eu defendo é que essa decisão, de manter ou acabar com o horário de verão, não seja apenas do setor elétrico, mas do governo, do país – disse.
Quando começou o horário de verão?
A primeira vez que o país o adotou foi em 1931. Desde 1985, ele foi aplicado todos os anos. Neste ano, o governo avaliou que não haveria tempo hábil para fazer uma consulta à população sobre o assunto para decidir a extinção ou a manutenção do horário de verão.
A enquete, no entanto, será realizada, mas com mais tempo para que a população possa opinar e para que o governo possa avaliar os resultados e deliberar sobre a questão.
Adaptação ao horário de verão leva até sete dias
Segundo especialistas, a adaptação pode ser feita em um período de cinco a sete dias. Quem costuma sentir os efeitos da mudança de horário no organismo deve começar a se preparar desde já, adiantando gradualmente a hora de dormir.
As consequências da mudança de horário no organismo podem ir desde mal-estar, dificuldades para dormir, sonolência diurna e até alterações de apetite. Segundo o médico, é preciso tomar alguns cuidados nos dias seguintes à mudança de horário, como evitar dirigir distâncias longas.
Os idosos e as crianças, por terem uma necessidade maior de sono e de rotina, podem sentir mais os efeitos da mudança de horário. Uma dica para melhorar a adaptação é dormir com a janela aberta, para que a luminosidade natural ajude a despertar mais cedo.
Fonte: Diário Catarinense