O candidato a presidente pelo PDT, Ciro Gomes, classificou na tarde desta quinta-feira (2) como golpe a manobra do PT que tirou Marília Arraes da disputa ao governo de Pernambuco para isolá-lo e chamou de aberração a proposta de ser vice de chapa petista.
“O que essa moça Marília Arraes tem a ver comigo? Ela merecia pagar esse preço? Será que o povo de Pernambuco vai engolir com casca e tudo essa providência golpista?”, disse. “Ninguém pode falar em golpe e praticar um golpe. Como se sacrifica um homem como Márcio Lacerda (PSB)?”
A afirmação foi feita quinta-feira (2) durante seminário da Unafisco Nacional (Associação Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal do Brasil) sobre combate à sonegação e corrupção. Na quarta-feira (1ª), as cúpulas do PT e PSB resolveram sacrificar candidaturas estaduais em nome de um pacto nacional que leva ao isolamento do candidato pedetista à Presidência.
Pelo acordo, o PSB ficaria neutro na corrida presidencial, e abandonaria a costura de aliança com o PDT. Além disso, seria retirada a candidatura de Márcio Lacerda ao governo de Minas.
O PT, em troca, retirará a candidatura da vereadora Marília Arraes ao governo de Pernambuco, em ato de apoio à reeleição do governador Paulo Câmara (PSB). A Executiva Nacional do PT decidiu apoiar o PSB no estado, por 17 votos contra 8.
Ciro atacou o PT ao ser questionado sobre uma proposta de que ele fosse vice do ex-presidente Lula. “Eu acho uma aberração. Porque eu sou candidato do PDT”, disse. “O PT é um dos grandes responsáveis pela tragédia que o Brasil está vivendo neste momento.”
Ele afirmou, porém, não guardar ressentimento do partido. “Ressentimento não é palavra que se use em política. Eu acho uma coisa estranha porque não sei o que que eu fiz para receber um tratamento desta natureza, tão desleal’.
O pedetista ainda elogiou Marina Silva (Rede) e a comparou consigo mesmo, pelo isolamento e a “decência”. “Alguém pode me acusar pelo meu temperamento. Mas a Marina é uma doçura de pessoa e também está sendo excluída”.
Ele também afirmou ter recebido apoio de seções do PSB em vários estados.
*Folha de São Paulo