Escolhido aos 45 do segundo tempo, o general do Exército Antônio Hamilton Martins Mourão (PRTB) é o vice de Jair Bolsonaro (PSL). A escolha, feita às presas, veio após o deputado receber o “não” de Magno Malta (PR), Augusto Heleno (PRP) e Janaína Paschoal (PSL).
Natural de Porto Alegre, Mourão nasceu em 1953 e é conhecido por dar declarações polêmicas, sempre enaltecendo o regime militar. Em palestra no ano passado, falou sobre a possibilidade de uma intervenção militar no país em eventual situação de “caos” nacional e crise política. Os discursos dele e as críticas ao governo Temer custaram o cargo de secretário de Economia e Finanças do Exército.
Em outra polêmica, em 2015, Mourão fez uma homenagem ao coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, conhecido torturador da ditatura militar, chamando-o de “herói”. Sua defesa a ditatura fez que ele fosse removido naquele ano do CMS (Comando Militar do Sul).
Questionado sobre a possibilidade de intervenção militar do país, Mourão afirmou que “ou as instituições solucionam o problema político, pela ação do Judiciário, retirando da vida pública esses elementos envolvidos em todos os ilícitos, ou então nós [Exército] teremos que impor isso”.
Tais declarações foram criticadas pelo comandante do Exército, Eduardo Villas Bôas, que afirmou que a instituição defende “a manutenção da democracia e a preservação da Constituição”. Bolsonaro, por outro lado, defendeu a fala do general.
Posteriormente, Mourão negou que tivesse defendido “uma tomada de poder” por parte dos militares e disse ter sido mal compreendido em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo. Logo após ser escolhido como vice, ele reafirmou que não foi “feliz na forma como disse” sobre intervenção militar e que deu “margem para outras interpretações”.
Com Mourão vice de sua chapa, Bolsonaro reforça seu discurso para o público que já vota nele, mas pode afastar novos eleitores. Desta forma, o efeito da escolha do vice – não só de Bolsonaro, mas de outros candidatos à presidência – serão observados de perto pelo mercado.