O PT vai anunciar na tarde desta terça-feira (11), Fernando Haddad como real candidato à Presidência da República pelo partido. O pronunciamento deve ocorrer por volta das 15h – sem contar possíveis atrasos -, logo após a reunião da executiva do PT, marcada para começar às 11h, em Curitiba.
Preso na carceragem da Superintendência da Polícia Federal desde abril, a “passagem do bastão” será feita através da leitura de uma carta de Lula em frente a vigília montada próximo onde Lula está preso, na Superintendência da Polícia Federal de Curitiba. Logo em seguida, Haddad fará seu primeiro pronunciamento como, de fato, o candidato.
Liderança do partido disse a CartaCapital que o ex-presidente está bem, apesar de muito indignado. Ainda que o partido já previsse o desfecho de hoje muito antes, era necessário que o próprio ex-presidente amadurecesse a ideia, de acordo com aliados.
Fazer o anúncio no último minuto era motivo de preocupação da legenda. O medo era do eleitorado não entender a troca caso ela acontecesse antes. “O PT não pode dar qualquer sinal que não lutou pelo Lula até o fim”, afirmou uma liderança. Além disso, pesquisas internas monitoravam semanalmente o cenário de chances de transferência de votos.
Não foram mobilizados grande número de militantes nem ônibus foram contratados para levar petistas ao local do pronunciamento. A expectativa é que alguns eleitores da região apareçam e os membros da executiva do partido que consigam chegar.
O clima na cúpula do partido é de tristeza. De acordo com um dos membros da executiva, o PT fará o que deve ser feito e de forma breve. “Isso não nos dá alegria. Não vamos fazer festa. Vamos explicar para a sociedade porquê está sendo feito isso.”
A vice na chapa, Manuela D’Ávila (PCdoB), deve pegar um avião no final da manhã desta terça-feira para chegar a tempo em Curitiba. Nesta segunda-feira 10, ela compareceu a um ato no teatro Tuca, em São Paulo, onde defendeu as ideias e propostas da chapa, além da liberdade de Lula em seu discurso, mas foi embora sem falar com a imprensa.
Lula
Lula sofreu um grande golpe em sua esperança de ainda ser o candidato à Presidência no último dia 1º de setembro quando, por seis votos a um, o plenário do Tribunal Eleitoral Superior barrou sua candidatura mesmo após Comitê de Direito Humanos afirmar que o petista tem o direito de disputar as eleições.
A maioria dos ministros do TSE entendeu que a decisão do comitê não tem efeito vinculante e tem apenas caráter de recomendação. Barroso também argumentou que o fato de o protocolo do pacto não ter sido promulgado pela Presidência da República torna seus efeitos nulos na legislação brasileira.
No domingo 9, o ministro Luis Roberto Barroso proibiu que o PT e a coligação “O Povo Feliz de Novo” apresentasse direta o indiretamente Lula como candidato sob o risco de suspender a propaganda eleitoral no rádio e na TV se descumprida a decisão.
A defesa de Lula afirma que há recursos pendentes no Supremo Tribunal Federal, porém os prazos não foram compatíveis com o calendário do TSE, que exige uma definição da chapa até hoje.
Ao contrário do que se especula, Lula não deixou nenhum vídeo gravado “passando o bastão” a Haddad ou qualquer outro nome que foi ventilado para uma substituição na chapa. Pessoas próximos ao presidente disseram que há cinco meses, quando ele foi detido, o cenário era distinto e o ex-presidente tinha a certeza que sua situação poderia ser contornada.
Daqui para frente
O PT recebeu bem a última pesquisa Datafolha, divulgada na noite desta segunda-feira 10, que aponta Haddad tecnicamente empatado com outros três candidatos: Ciro Gomes (PDT), Marina Silva (Rede) e Geraldo Alckmin (PSDB).
Entre todos, ele foi o que mais cresceu em relação ao levantamento anterior, feito em agosto. Foram cinco pontos percentuais a mais – de 4% para 9%.
Mesmo com menos tempo para consolidar o nome de Haddad como o candidato de Lula no rádio e na TV, a expectativa do partido é que ele assuma o segundo lugar nas próximas pesquisas. Logo após o anúncio, o petista passa a poder participar de debates e sabatinas promovidos pelos veículos de comunicação.