A gente não esconde a felicidade quando um facelift vem acompanhado de ajustes mecânicos. Bacana que os acertos que a Honda fez no HR-V 2019 que dirigimos por quase 180 quilômetros entre São Paulo e o litoral norte paulista foram em aspectos, inclusive, que já eram elogiados no SUV compacto.
Além de novidades interessantes no desenho, a marca mexeu na suspensão, câmbio e tratamento acústico. A suspensão — McPherson na frente e eixo de torção, atrás — levou três anos para ser recalibrada. Segundo o fabricante, foram 46 testes na dianteira e 12 testes na traseira.
O jogo de suspensão ainda ganhou coxins hidráulicos, válvulas e discos retificados. A meta era deixar as respostas a buracos, lombadas e oscilações de carroceria mais suaves.
Deu certo: em curvas, o rolamento da carroceria ficou mais progressivo, o que passa ainda mais sensação de segurança ao já elogiado comportamento dinâmico do carro.
Além disso, em descidas de lombadas a suspensão não bate mais tão seca e os reflexos na cabine diminuíram. O nível de vibração no interior também diminuiu e qualquer reflexo no volante é mínimo.
Câmbio reajustado
O câmbio de relação continuamente variável (CVT) foi outro item reajustado para entregar mais progressividade. Mas na prática é difícil perceber tal mudança. As acelerações do motor 1.8 de 140/139 cv permanecem cadenciadas pelo comportamento linear e gradativo da caixa. Quando se exige mais do motor em retomadas, por exemplo, não tem jeito: o giro sobe e fica estancado enquanto a caixa se comporta como um liquidificador.
Ao menos as aletas atrás do volante emprestam maior interação com o carro. A 100 km/h o motor roda a suaves e silenciosos 2 mil giros. O silêncio, a propósito, é o destaque: a linha 2019 também recebeu reforços no tratamento acústico no painel corta-fogo e no chão do carona. Na versão EXL, que foi avaliada por UOL Carros, ele ainda tem mantas asfálticas de maior granura espalhadas pelo assoalho e porta-malas, além de reforços nas portas.
O HR-V até tem suas pitadas de diversão. Sabe a velocidade de cruzeiro em que enaltecemos o silêncio? Aperte a tecla S do câmbio e as rotações sobem instantaneamente exatas 1.000 rpm para o câmbio CVT trabalhar em regimes mais altos e entregar um quê de esportividade.
Manteve as virtudes
No mais, ele oferece a dirigibilidade exemplar de sempre. Posição alta de conduzir, assistência elétrica da direção bem calibrada para altas e baixas velocidades e espaço suficiente para cinco adultos são seus destaques.
Mas a ergonomia ainda tem poréns, como a central multimídia pouco intuitiva e que obriga desvios de olhares, além das entradas USB e HDMI escondidas atrás do console flutuante.
Os bancos ficaram mais confortáveis, com abas mais salientes que acomodam melhor o corpo do motorista. Este ainda recebeu reforço no apoio das pernas, com o assento mais comprido.
O revestimento com couro perfurado e costuras duplas aparentes é novo, assim como o acabamento do console. Perfumaria funcional que vai além da maquiagem estética.