A Polícia Militar reforçou a segurança próximo a escolas da Bahia onde circularam áudios de WhatsApp atribuídos à facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC), com ameaças às unidades, 22 dias depois do ataque em Suzano (SP) que acabou com dez pessoas mortas. O Grupo Especializado de Repressão a Crimes por Meios Eletrônicos (GME) da Polícia Civil da Bahia participa da investigação dos casos.
Para a mestra em Educação pela Universidade do Estado de São Paulo (Unesp) Darlene Ferraz Knoener, o que ocorre nas escolas baianas pode ter relação com o ataque de Suzano. “É difícil afirmar, mas deve haver, sim, uma corelação. O caso foi bastante divulgado e deve ter chamado atenção daqueles mais propícios a simpatizar com a atitude dos meninos de Suzano”, explica ela.
Para a especialista, no entanto, a influência do caso em São Paulo não pode ser vista isoladamente. Ela explica que o caso famoso apenas serve para agravar uma sensação de insegurança e medo que já era realidade em certas escolas mesmo antes do ataque. “Se já existe um clima ruim, se as relações não são boas, se impera um clima de ameaça, e aí acontece Suzano, a situação se agrava. Uma escola com boa relação e um bom clima, apesar da tristeza, não se fragiliza tanto”, acredita Darlene.
Questionada pelo CORREIO sobre o que fazer em cenários como o que tomou conta das escolas do estado, ela diz que é necessário que haja uma parceria entre a comunidade e as escolas e que se evite ao máximo espalhar o pânico. Para Darlene, é preciso que pais e escola pensem juntos em ações e soluções que possam promover uma cultura de paz nas escolas.
A pesquisadora alerta ainda que o assunto não pode ser ignorado pela escola.
“É preciso que a escola mantenha um espaço de diálogo para entender como os alunos têm se sentido. Era isso que deveria ter acontecido em todas as escolas do Brasil depois de Suzano”, pontua.
Quanto à forma de agir quando se recebe mensagens como as que estão circulando na Bahia, Darlene avalia que o maior cuidado deve ser não espalhar pânico e encaminhar as mensagens apenas para quem possa agir a partir delas. É preciso também tomar cuidado para não disseminar uma mentira.
“Normalmente o pai fala com a escola, com autoridades, mas antes coloca o áudio no grupo de pais e espalha o pânico. O pânico faz com que as pessoas ajam de forma desorganizada e a escola tem a rotina prejudicada. Assim tumultuamos a rotina da escola e ela fica mais fragilizada tendo que lidar com tudo isso”, finaliza.
Nessa quarta-feira (3), ao menos quatro instituições de ensino suspenderam as aulas em Alagoinhas. Houve ameaças ainda em escolas de Brumado, Correntina, Barreiras, Santo Antônio de Jesus e Irecê, onde dois adolescentes foram detidos.
Fonte//Correio 24h