Nesta quarta-feira, 15, as ruas da Bahia e do Brasil estarão tomadas pela juventude e por todos aqueles que não aceitam que a Universidade Pública seja ferida de morte pelo corte de mais de 33% das verbas.
Quero explicitar neste artigo toda a minha solidariedade a luta em defesa da Universidade Pública e, sobretudo, a luta pelo seu fortalecimento por tudo que o ensino público e gratuito significa para a Bahia e para o Brasil.
Desde que se estabeleceu, em governos anteriores, a política de se dar prioridade ao fortalecimento das Universidades Federais, verificou-se que, com expansão e a interiorização destas instituições, aconteceu também a democratização do acesso através das políticas de cotas e do Enem, foi ainda possível garantir uma universidade plural onde negros, pobres, indígenas, quilombolas, puderam ter, finalmente, o tão sonhado acesso ao ensino superior gratuito.
Veja por exemplo o caso da Bahia. O nosso Estado contava apenas com uma Universidade Federal, a UFBA e hoje, num salto extraordinário, a Bahia tem seis Universidades Federais, espalhadas pelas diversas regiões do Estado, inclusive na minha região Oeste, onde foi criada e está em pleno funcionamento a UFOB – Universidade Federal do Oeste, levando saber e conhecimento para uma juventude que anteriormente era completamente desassistida.
Houve um tempo – e todos se lembram bem disso – que no Oeste Baiano só conseguiam fazer curso superior os filhos dos ricos. Aqueles que os pais tinham dinheiro para manda-los estudar em Salvador, Brasília, Goiânia ou outras capitais do País.
Com a implantação da Universidade Pública no Oeste esse tempo passou e agora o filho do pedreiro, da empregada doméstica, do trabalhador rural, tem a oportunidade de ser doutor, coisa que num passado recente, era impossível.
E essa nova realidade precisa ser reafirmada e garantida para que possamos oferecer cada vez mais oportunidades para a juventude.
É preciso entender que para além do debate das ideologias, o corte de verba das Universidades apresenta diversos outros agravantes e atinge outros setores da vida nacional. Como ficarão os estudos para produzir vacinas contra tantas doenças? Como ficarão as pesquisas para a fabricação de remédios tão essenciais à população?
Como ficará a agricultura do nosso Oeste sem a pesquisa, fundamental para novas culturas, para expansão das áreas plantadas, para melhoria genética? Sabe-se que as pesquisas científicas que promovem o desenvolvimento humano, são feitas, em sua maioria, nas universidades. Podemos citar pesquisas nos setores de saúde, ciência e tecnologia, biológia, alimentação, transportes, ciências sociais aplicadas, entre tantas outras areas vitais do conhecimento humano, são desenvolvidas nas Universidades. A contribuição delas para o bem comum é incomensurável.
O corte de verbas terá também um impacto devastador nas vidas de professores e servidores, que podem perder seus empregos – e de país e mães de famílias que estão assombrados com a triste perspectivas de verem seus filhos perderem as vagas nas universidades brasileiras.
Além disso fala-se também num possível corte de recursos do ensino básico, reduzindo em 50% por cento as verbas do FUNDEB, o que, se for verdade, pode obrigar os prefeitos a procederam demissão em massa.
É contra isso que todos nós devemos lutar. Não importa o partido. Não importa o lado político em que cada um esteja. O partido de todos neste momento deve ser a defesa da educação, das universidades, dos institutos federais e do ensino básico. Devemos lutar com todas as nossas forças para garantir aos jovens o direito sagrado ao conhecimento.
´Não sou contra ninguém. Sou neste momento, como qualquer pessoa de bem, a favor da educação para melhorar a vida no meu estado e no meu País. Espero que esse humilde artigo, escrito por esta parlamentar do Oeste Baiano, alcance e sensibilize as autoridades que gerenciam a educação no Brasil e as faça refletir e buscar um melhor caminho para fortalecer a educação.
O Educador Paulo Freire, patrono da educação, cunhou uma frase que deve servir de reflexão neste momento tão dramático para a educação brasileira: “Se a educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela tãopouco a sociedade muda.” Esta quarta-feira é um dia de reflexão mas acima de tudo um dia para colocar coração e alma em defesa da educação do nossos jovens.
Jusmari Oliveira é deputada estadual, foi deputada federal, prefeita de Barreiras e secretária estadual de Desenvolvimento Urbano. Estudou em escola pública e é formada em Letras pela Universidade Estadual da Bahia (UNEB).
Por Jusmari Oliveira