Aconteceu na manhã deste domingo (13) a cerimônia de canonização da Irmã Dulce na praça de São Pedro, no Vaticano. Lembrada como “o anjo bom da Bahia” por suas obras de caridade e de assistência aos pobres e necessitados, teve reconhecimento do seu segundo milagre pelo Papa Francisco e ela finalmente será foi proclamada Santa Dulce dos Pobre.
Entre autoridades, parlamentares e convidados, pelo menos 35 pessoas integraram a comitiva brasileira que foi acompanhar a cerimônia realizada pelo Papa Francisco. O governo brasileiro foi representado pelo vice-presidente Hamilton Mourão (PRTB) já que o presidente Jair Bolsonaro (PSL) decidiu não ir à cerimônia na sede da Igreja Católica — que abriga nesta semana o Sínodo da Amazônia, em que religiosos discutem a situação da igreja na região e assuntos ligados ao meio ambiente e aos povos indígenas.
Infância e vida em família de Irmã Dulce
A beata se chamava Maria Rita de Souza Brito Lopes Pontes e nasceu no dia 26 de maio de 1914 em Salvador (BA). Segunda filha do dentista Augusto Lopes Pontes e de Dulce Maria de Souza Brito Lopes Pontes, a menina gostava de soltar pipa e jogar futebol. Já no início da adolescência, manifestou o interesse pela vida religiosa.
Irmã Dulce: a serviço dos necessitados
Segundo a instituição Obras Sociais Irmã Dulce, por volta de 1927, aos 13 anos de idade, a adolescente começou a atender doentes no portão de casa. O local ficaria conhecido mais tarde como ‘A Portaria de São Francisco’.
Em 1933, a jovem ingressou na Congregação das Irmãs Missionárias da Imaculada Conceição da Mãe de Deus, no Convento de Nossa Senhora do Carmo, em São Cristóvão (Sergipe). No mesmo ano, recebeu o hábito e adotou, em homenagem à sua mãe, o nome de Irmã Dulce.
Em 1935, Irmã Dulce iniciou um trabalho assistencial nas comunidades carentes, sobretudo nos Alagados, conjunto de palafitas que se consolidara na parte interna do bairro de Itapagipe. Nessa mesma época, começou a atender também aos operários, criando um posto médico. Fundou, em 1936, a organização operária católica União Operária São Francisco.
Origem da Associação Obras Sociais Irmã Dulce
Em 1939, ocorreu o fato que definiu o futuro de sua ação social: a invasão de cinco casas, na Ilha dos Ratos, para abrigar doentes que não tinham onde ficar. Dez anos depois, Irmã Dulce ocupou, com autorização da sua superiora, o galinheiro do Convento Santo Antônio (inaugurado dois anos antes), levando para lá 70 doentes.
A iniciativa deu origem à tradição oral propagada pelo povo baiano de que a freira construiu o maior hospital da Bahia a partir de um galinheiro. Em 1959, foi estabelecida oficialmente a Associação Obras Sociais Irmã Dulce e, no ano seguinte, inaugurado o Albergue Santo Antônio.
De acordo com o site da Associação, atualmente a sede das Obras Sociais atende diariamente cerca de 2 mil pessoas e realiza 12 mil cirurgias e 18 mil internamentos anualmente. Também em Salvador, a OSID é responsável hoje por 5% dos procedimentos ambulatoriais e 9% das internações hospitalares no município.
Outras obras e momentos marcantes de Irmã Dulce
Em 1964, Irmã Dulce inaugurou o Centro Educacional Santo Antônio (CESA), em Simões Filho, para abrigar meninos sem referência familiar. Em 1980, se encontra pela primeira vez com o papa João Paulo II.
Três anos depois, Irmã Dulce inaugura o novo Hospital Santo Antônio, com 400 leitos. Já em 1988, o então presidente da República José Sarney a indica para o Prêmio Nobel da Paz, com o apoio da rainha Sílvia da Suécia.
Falecimento de Irmã Dulce
Irmã Dulce morreu no dia 13 de março de 1992, aos 77 anos, no Convento Santo Antônio, ao lado de seus doentes. O túmulo da freira está na Capela das Relíquias, local para onde seus restos mortais foram transferidos após exumação, em 9 de junho de 2010. A visitação está aberta durante todos os dias, das 7h às 18h. A capela fica no Santuário de Irmã Dulce, na Avenida Dendezeiros do Bonfim (no bairro do Bonfim), em Salvador.