Se tem algo que incomoda o machão brasileiro é corno. O cara não se importa que xingue a mãe, daí que, aditivando a máxima popular digo que todo castigo para quem bate em mulher é pouco, e bem podia ser acrescido de um bom par de chifres para ver se aprende, pois só isso mete medo num indigitado. Durante toda esta semana o Tribunal de Justiça da Bahia veio realizando campanha no combate a violência contra a mulher, o que se trata de excelente iniciativa, porque neste ano de 2019, apesar de todo apelo, campanha, chamamento e aplicação da Lei Maria da Penha, a cada seis minutos é registrado um caso de violência contra mulher, conforme registro feito pelo atendimento através do serviço de telefone “Ligue 180”. A questão está nas mãos do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, cuja ministra tem feito mais presepada do que adotar medidas concretas para ajudar a, pelo menos atenuar os índices, deste problema que choca qualquer pessoa minimamente civilizada.
Muita gente ainda acha que violência contra a mulher é quando ela sofre espancamento; na realidade a questão é muito mais ampla, passando pelo assédio explícito ou velado, um beijo forçado e dentre tantos o sexo não-consensual. Pode, também, ser uma ofensa escrita ou verbal. Conforme o CNJ – Conselho Nacional de Justiça, em suas 14 edições anteriores da campanha, foram realizadas, em todo o território nacional, mais de 218 mil audiências; proferidas mais de 188 mil sentenças, concedidas 96 mil medidas protetivas e realizadas 1.396 sessões do Tribunal de Júri. Ou seja: os homens, em parte expressiva, ainda não tomaram vergonha na cara e não é por falta de informação e exemplos.
A iniciativa da campanha que o TJ-BA participa é ação do CNJ que abrange todo o território nacional no combate contra violência doméstica e familiar de mulheres e além de força-tarefa para dar andamento a processos que se enquadram na Lei Maria da Penha, haverá vasta programação educativa sobre violência de gênero destinada a diferentes públicos da sociedade, priorizando o julgamento dos processos relacionados, claro, ao feminicídio e à violência doméstica e familiar contra as mulheres. Tem homem que com seu machismo irrefreado ainda se inspira no patriarcalismo. Acreditam piamente na subjugação das mulheres. O brasileiro precisa ser reeducado e pouco se vê ou viu governantes adiantando o passo que está lento por demais. E enquanto claudica a violência acelera.
Tem de aprofundar a educação e não ter medo de incluir nas escolas matérias temáticas de gênero. Levar o assunto para ser debatido nas empresas, nas repartições públicas, instituições, nos partidos políticos, nos clubes de futebol, bares e praias. Sem descanso. Sem cessar, pois as mulheres estão cansadas de esperar. Vamos melhorar o nível de atendimento dos órgãos a quem compete cuidar do assunto. Dar estrutura, investir, obrigar o Estado a levar mais a sério o combate à tentativa de inferiorização da mulher. Quem é vítima não pode esperar. O destino da mulher pertence a elas. E homem que bate, humilha, incomoda, aborrece tem de ser punido, não somente com um par de chifres.
Jolivaldo Freitas
Escritor e jornalista
Autor de “Histórias da Bahia – Jeito Baiano” e “Baianidade…”.
E-mail: jolivaldo.freitas@yahoo,.com.br