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Criadores de aves da Bahia relatam preocupação com aumento do preço da soja e do milho, principais produtos usados na alimentação dos animais. Márcio Maltez é dono de uma granja, no distrito de Maria Quitéria, zona rural de Feira de Santana, a 100 km de Salvador. Ele conta que a ração equivale a quase cerca de 80% dos custos com a produção.

No local, são criadas 600 galinhas, que dão uma média de 500 ovos caipira, por dia.

“Hoje, de 70% a 80% do custo é com ração. Uma ração de qualidade, um milho de qualidade, uma soja de galinha, fazem com que tenhamos galinhas de qualidade, imune a doenças e outras viroses”, conta.

Em janeiro de 2020, a saca de milho com 60 quilos custava R$50. Em maio deste ano, o preço subiu para R$110. A saca de soja, no mesmo período de 2020, custava R$ 95. Em maio de 2021, o custo da saca aumentou para R$ 180.

Sobre o aumento, o Ministério da Agricultura informou que suspendeu até 31 de dezembro deste ano a alíquota do imposto aplicado na importação do milho, soja, do óleo e do farelo de soja.

Outro produtor da zona rural de Feira de Santana, Rogério Alves conta que não tem como repassar o valor para o consumidor. No local são criadas 950 aves, e para alimentá-las, o produtor usa cerca de 100 quilos de ração por dia.

“Se a gente repassar para o consumidor, o produto não vai ser vendido. Muitos criadores estão descartando as aves, vendendo, essas são uma das soluções que os criadores estão encontrando”, conta.

Para o pesquisador da Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs), Paulo Almeida, o aumento no preço da soja e do milho se dá por causa da alta do dólar e da queda da produção do milho em 2021.

“O dólar mais caro, com o real desvalorizado, o Brasil importa muitos insumos, como adubo defensivos, que são usados na produção agropecuária, sem contar os medicamentos. Tudo isso faz com que o custo de produção fique maior, aí aumenta os custos para o produtor”, explica o pesquisador.

A estimativa é que os preços da soja e milho se mantenham em alta nos próximos meses. Dono de uma loja que vende ração, o empresário Vilson Aragão relata que perdeu clientes, desde pequenos produtores até grandes empresários.

“Pelo que a gente estima, a gente perdeu em torno de 40% a 50% dos pequenos produtores. Os clientes maiores, com capacidade maior de matéria prima, em torno de 25% a 30% de redução de alojamento. Está sendo um impacto muito grande na cadeia produtiva”, disse.

Como o milho e a soja são usados como base na ração para as aves, não há como substituir por outros produtos. Para frear o aumento dos preços, segundo o pesquisador da Uefs, uma das possibilidades é melhorar o abastecimento interno dos produtos, por meio da redução das taxas externas.

“As vezes, tem algumas políticas para tentar melhorar as questões de abastecimento interno, dentre as quais as reduções desses impostos, e diminuição das tarifas externas, para que o produto importada entre no país com um preço mais competitivo, e isso age como um freio na elevação do preços do produtos no mercado interno”, conclui.

*G1

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