Sonhei que o presidente brasileiro Jair Bolsonaro tinha um acesso de hombridade e chegava aos brasileiros via televisão para dizer que estava arrependido, que havia refletido muito e que a partir daquele momento estava zerando todas as polêmicas pelo bem do Brasil. Ele dizia que iria se vacinar, pedia que o povo se vacinasse, reconhecia depois de muito ler e perguntar aos cientistas que era mesmo para respeitar as determinações da OMS; que as fakes estariam sendo abolidas do Palácio do Planalto, bem como o gabinete Paralelo, que iria respeitar as mulheres e as minorias, não mais ofenderia os profissionais da imprensa, estava puxando as orelhas dos filhos afetos a rachadinhas e pincipalmente cuidaria para que a inflação baixasse e os investidores estrangeiros voltassem.
Mas acordei e quase caio de cara no pinico pois nesse mesmo dia o que estava acontecendo para o Brasil era um tsunami, um ataque à nossa imagem e dignidade. Por que Bolsonaro estava na ONU fazendo o tradicional discurso de abertura da assembleia geral e falando coisas que me parecia, pertenciam a um país imaginário. Uma colega me ligou para perguntar se eu estava vendo, disse que sim, e ela observou que sua irmã psiquiatra considerava que o presidente estava tendo um surto psicótico, que tomara o remédio tarja preta em demasia.
– Esse moço é muito estranho – disse-me uma senhora que que veio me ensinar um pouco da Língua Inglesa.
Preferi ficar calado e ela me mandou repetir a frase, agora em Inglês para mostrar que eu tinha aprendido alguma coisa.
Tenho certeza que por baixo das máscaras contra o Covid os dignitários do mundo inteiro, seus assessores, ministros e séquitos estavam lá na assembleia dando risadas de Bolsonaro e do Brasil, fazendo chacotas. Principalmente quando ele disse que os índios vivem mais felizes aqui que Alice no país das maravilhas. Quando garantiu que a Amazônia ia bem, e naquele dia foram registradas dezenas de queimadas. Quando garantiu que tinha dado auxílio emergencial para a população que chegava a quase seis mil reais aí é que o mundo deve ter se esbaldado de rir.
Quando Bolsonaro disse que não mais havia corrupção no Brasil, foi bem no dia de promotores abrirem a caixa preta da sua ex-mulher e do vereador Carlos Bolsonaro; e do seu filhote Renan passar a ser investigado por se meter com quem não devia. Nem vou me estender no grosso das mentiras que nosso presidente emitiu para o mundo todo e virou meme, virou roteiro de humoristas em tudo que foi país e piadas nos principais jornais. Lembro de um amigo jornalista que certa vez me disse, quando eu tentei dar uma enrolada numa pauta:
– Meu caro, é difícil enganar pessoas esclarecidas.
E ali na ONU só tinha gente esclarecida. “Vergonhoso”, estampou na manchete um jornal espanhol. “Pinóquio”: alguém escreveu sobre um mural com a cara de Bolsonaro no Metrô de Nova Iorque.
*Jolivaldo Freitas
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Escritor e jornalista. E-mail: Jolivaldo.freitasa@yahoo.com.br