Eurypedes Pamplona, o único barreirense homem a combater o nazi-fascismo na Segunda Guerra Mundial, celebrou 101 anos de vida no dia 10 de junho! Logo no início da manhã, a sua casa, sede também do Museu do Cabo Pamplona, recebeu os primeiros convidados. Apenas os familiares mais próximos, e uma pequena representação do 4º BEC, PMBA, Rotary Club e Museu Napoleão Macêdo. Eram poucos, mas simbólicos. Todos mascarados e tendo as suas mãos rotineiramente higienizadas, seguindo assim os protocolos das autoridades de saúde.

Além disso, as distâncias de segurança foram seguidas à risca, o que não foi problema diante do amplo espaço da residência do ex-combatente, ainda conservada sob a arquitetura antiga da década de 50. O evento foi realizado nos jardins da frente, uma área extensa, e arejada sob o céu aberto.

“Tudo foi realizado sob as mais estritas medidas de segurança. Entretanto, esta celebração, ainda que pequena diante da grandeza do aniversariante, não podia deixar de ocorrer. Foi a vontade pessoal do nosso herói barreirense, afinal, são 101 anos de vida, uma idade especial para todos, especialmente para aqueles que conviveram cara a cara com a morte nos campos de batalha da pior guerra do mundo’’, declarou o Professor João Pinheiro, biógrafo do ex-combatente, tenente da reserva não-remunerada do Exército Brasileiro, e atualmente, soldado da Polícia Militar da Bahia.

No primeiro momento, o Exército Brasileiro, representado pelo 4º Batalhão de Engenharia de Construção levou a sua banda de música para tocar os dobrados militares do lado de fora da casa do pracinha, em especial, a canção do expedicionário. O Coronel Bastos, Comandante do 4º BEC, iniciou os agradecimentos a tão simbólica personalidade local, relembrando a importância da Força Expedicionária Brasileira, em defesa dos ideais de liberdade e democracia no mundo, na verdadeira luta contra a ameaça nazifascista.

Posteriormente, Êda Pamplona, filha do Senhor Eurypedes, realizou a entrega da Medalha dos Três Heróis Brasileiros, no grau colar (o mais elevado). Esta condecoração foi enviada pela amiga Maria do Socorro Sampaio, filha primogênita da expedicionária Aracy, e presidente da Associação Nacional dos Veteranos da FEB de Brasília-DF.

Aracy Arnaud Sampaio foi a única mulher barreirense a atuar pelo Brasil no conflito. Entretanto, a ilustre ex-combatente faleceu em 2008, na capital federal. Além de reverenciado pelo Exército Brasileiro, Eurypedes Pamplona também é reverenciado como um herói pela Polícia Militar da Bahia. Neste sentido, o Tenente-
Coronel Jorge, diretor do Colégio da Polícia Militar e amigo pessoal da família, realizou a entrega de um cartão de aniversário em nome da escola, além de uma ‘’caneca mágica’’, que reproduz a imagem do cartão diante de líquidos mornos.

Em seguida, o Coronel Osival, comandante do Comando de Policiamento da Região Oeste (CPRO), externou a grande satisfação de compartilhar de um momento tão importante para a sociedade brasileira, reverenciando um cidadão humilde que lutou por todo o mundo. Finalizou com uma mensagem de gratidão, acompanhada de votos de felicidades, saúde, paz e vida longa.

Eurypedes Lacerda Pamplona nasceu em 10 de junho de 1919, na Rua Barão de Cotegipe, e foi o quinto dos sete filhos de Manoel Pamplona e Arlinda Lacerda. Ainda jovem, alistou-se no Tiro de Guerra 128, antigo quartel da cidade, e extinto ainda na década de 30.

Pouco depois de cumprir o serviço militar, mudou-se para tentar ganhar a vida no Rio de Janeiro, então capital federal, onde foi convocado para retornar às fileiras do
Exército Brasileiro após o afundamento dos navios mercantes brasileiros pelos submarinos alemães. O Cabo Pamplona combateu no Teatro de Operações da Itália sob o rigoroso inverno europeu, na função de atirador da metralhadora Ponto 50. Após dez meses, regressou ao Brasil vitorioso, mas carregando os traumas do conflito após presenciar a morte de vários amigos, metralhados nos campos de batalha.

Certamente, o jovem foi o Lacerda Pamplona que mais perto esteve diante da morte. Ironicamente, ele completou 101 anos de idade, tempo suficiente para ter acompanhado o falecimento dos pais, de todos os seus irmãos (tanto os mais velhos, quanto os mais novos), e do seu filho Éverson Pamplona, falecido em janeiro de 2019.

A sua história de vida esteve esquecida pela sociedade barreirense, até o historiador João Pinheiro lançar a primeira edição do livro TIRO, GUERRA E MITO em 2015, seguida pela edição de centenário, em 2019. Desde então, a sua biografia percorreu não apenas Barreiras, mas todos os rincões do Brasil. A sua casa, antes tomadas por paredes e estantes vazias, se tornou o informal Museu do Cabo Pamplona, tamanha a quantidade de condecorações, troféus, placas alusivas e diplomas que o mesmo vem recebendo em sinal de gratidão.

O autor abriu mão de qualquer lucro nas duas edições do livro. Objetivando apenas divulgar a trajetória do herói nacional, os exemplares são distribuídos gratuitamente, e ainda restam alguns armazenados na casa-museu do ex-combatente. Entretanto, no momento atual, as visitas estão restritas apenas a familiares e amigos, diante da pandemia do novo coronavírus.

Além disso, biógrafo e biografado vinham palestrando para escolas e faculdades, onde o pracinha arranca lágrimas dos estudantes que repensam os valores cívicos da sociedade brasileira, e o idolatram como um ícone mundial. A sua página na rede social Instagram, inclusive, recebeu inúmeras homenagens nesse dia tão especial. O Site Mais Oeste parabeniza o Senhor Eurypedes Pamplona neste dia tão especial, fazendo votos de saúde, paz, e vida longa, para que possa muito em breve voltar a receber as mais justas e merecidas homenagens de toda a sociedade local.

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