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A valorização da madeira oriunda de Manejo Florestal Sustentável (MFS) no estado de Mato Grosso, que chegou a aumentar em torno de 50%, desde 2020, vem compensando a queda nas exportações. De 2018 até 31 de outubro de 2021, o volume exportado decresceu 23,5%, saindo de 85.183,61 para 65.096,76 metros cúbicos. Já o valor alcançado, no mesmo período, passou de, aproximadamente, R$342 milhões para pouco mais de R$435 milhões, num incremento de 21,5%. Os dados são do Sistema de Comercialização e Transporte de Produtos Florestais (Sisflora/MT).
De acordo com o Centro das Indústrias Produtoras e Exportadoras do Estado de Mato Grosso (Cipem), os números refletem a conjuntura mundial, desde o advento da pandemia da Covid-19, que aqueceu o mercado de insumos da construção civil, assim como aumentou a demanda por materiais com maior valor agregado e mais competitivos.
De acordo com o presidente do Cipem, Rafael Mason, enquanto, no mercado internacional, o aço valorizou em torno de 400%, o preço da madeira subiu em média 50%. “Isso a deixou mais atrativa, não apenas em preço, mas considerando, também, algumas vantagens que ela possui sobre os concorrentes, que vão desde os benefícios inegáveis em relação ao sequestro de carbono, a versatilidade, até as questões estéticas”, explica Mason. Segundo ele, ao invés de exportar apenas a madeira serrada, a demanda do mercado está sendo por itens como decks, pisos, compensados e forros, dentre outros.
“O retorno à madeira na construção civil já é uma tendência mundial. Por isso, consideramos que esta matéria-prima, presente desde o início da própria humanidade, é o material do futuro, e o uso das madeiras de Manejo Florestal Sustentável traz o benefício gigantesco de ajudar a preservar a floresta amazônica”, diz o arquiteto Roberto Lecomte, relatando a existência de prédios modernos, de até 24 andares, totalmente construídos em madeira, em países como Noruega, Inglaterra, Alemanha, Estados Unidos e Canadá.
De acordo com um recente estudo do Instituto Centro de Vida (ICV), Mato Grosso é o maior produtor de madeira legal do país, ofertando a mesma quantidade que os outros estados da Amazônia Legal (Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins) juntos. O mesmo estudo demonstra que a exploração ilegal de madeira nativa também está em queda no estado. Passou de 54%, em 2011, para 38%, em 2020.
Em relação às áreas de Manejo Florestal Sustentável, Mato Grosso tem registrado um crescimento anual variando entre 200 e 300 mil hectares por ano, segundo o presidente do Cipem, Rafael Mason. “Hoje, o Mato Grosso possui 4,7 milhões de hectares de MFS e o nosso compromisso com o Governo do Estado é de chegar a 6 milhões de hectares, em 2030”, afirma, acrescentando que o Cipem trabalha totalmente alinhado com a Secretaria Estadual de Meio Ambiente do MT e com o IBAMA.
A perspectiva de incremento da atividade até 2030, segundo Mason, trará grandes benefícios para o estado. “Hoje o MFS, no Mato Grosso, já responde por 90 mil empregos diretos e indiretos ao longo de toda a cadeia produtiva. Além disso, esta atividade representa uma excelente alternativa de renda para os produtores de diversas culturas, pois pode ser praticada nas áreas de Reserva Legal, que, na região Amazônica, é de 80%”, considera. Segundo ele, pode-se fazer o Manejo Florestal Sustentável em até 100% de uma área na Amazônia.
Como funciona o Manejo Florestal Sustentável?
O Manejo Florestal Sustentável (MFS) é uma atividade econômica de exploração florestal seletiva, na qual apenas são colhidas árvores previamente selecionadas, com a utilização de técnicas de impacto reduzido que reproduzem os mecanismos naturais dos ecossistemas, de forma planejada e sem danificar a biodiversidade existente. Com isto, os serviços ecossistêmicos continuam sendo prestados pela floresta, perpetuando a fauna e a flora, promovendo, ainda, a qualidade de vida e o desenvolvimento da sociedade.
O MFS segue uma legislação específica, que prevê, dentre outros requisitos, o licenciamento e o inventário florestal do local a ser explorado. De acordo com um estudo da Embrapa, em média, apenas 12% dos indivíduos a cada hectare são colhidos, mesmo assim, somente quando as árvores são maduras e possuem diâmetro igual ou superior a 50 centímetros. Após a colheita, inicia-se um longo período de regeneração natural da área, que pode levar de 25 a 35 anos, até que ela possa ser novamente manejada.
Imprensa Cipem