Saudações!

Uma das consequências da conquista do mundo e sua colonização por povos europeus é a descrição de personalidades de outras regiões e de qualquer época como se europeias fossem.  A exemplo da africana Cleópatra retratada nas telas dos cinemas como europeia de fina cepa, ou, o próprio Jesus representado como branco, loiro e de olhos claros. Como realmente seriam?

Me custa crer que um sujeito de traços europeus conseguiria passar despercebido no meio da multidão morena a ponto de a guarda romana precisar que Judas o beijasse para que fosse reconhecido.

Mas deixemos este assunto para outro momento.

Aqui no Brasil e em outras partes do mundo a camada dominante das sociedades sempre impôs seus costumes, crenças, arte, cultura (ou a falta dela) sufocando o que não lhe parece belo ou correto. Muitas vezes à custa da completa dizimação de civilizações.

Entre o século XIX e o século passado andou em voga a teoria eugenista que pregava o padrão genético superior da “raça branca” humana. As teses divulgavam que o europeu, em detrimento das demais etnias,  tinha maior capacidade cultural, eram mais saudáveis e mais belos, portanto, mais capazes no avanço civilizacional. Como consequência tivemos em nosso solo o processo de embranquecimento da nossa história que resultou na sociedade extremamente desigual em que vivemos.

O presidente Nilo Peçanha, patrono da educação profissional e tecnológica no Brasil escondia, segundo alguns historiadores, a sua ascendência africana a ponto de pedir que seus retratos fossem retocados. É um exemplo da forma com que se retratavam as personalidades daquele tempo.

A pesquisadora Cibele Henriques estabelece a relação entre o sistema escravista brasileiro e o mercado de trabalho contemporâneo no livro “Racismo colonial – Trabalho e formação profissional” (Mórula Editorial), desnudando como o racismo opera no mercado de trabalho no Brasil atual.   https://www.em.com.br/app/noticia/pensar/2021/08/20/interna_pensar,1297613/cibele-henriques-a-diaspora-brasileira-e-embranquecida.shtml

Essa realidade passou a ser combatida através de cotas e políticas afirmativas de inclusão já conhecidas pela maioria da população. E desde então, volta e meia, vemos notícias de indivíduos que são flagrados burlando a norma para conseguir a aprovação em empregos públicos, vagas nas melhores universidades e outras benesses. Se brincar, até para furar a fila do pão.

Curiosamente em 2022, em plena campanha eleitoral temos vistos candidatos, anteriormente autodeclarados brancos se declararem negros, pardos ou indígenas. Um fenômeno!

Seria o reconhecimento da ancestralidade como fez Fernando Henrique Cardoso?

Quem dera…

Entre os reais motivos temos que a quantidade de candidatos negros de um partido, ou, federação, influência diretamente na distribuição do tempo de TV e Rádio para os programas eleitorais e propagandas políticas (que não são gratuitas como se pensa). Interfere na distribuição do dinheiro do  Fundo Especial de Financiamento de Campanha (Fundão eleitoral) e obriga que os Partidos antecipem pagamento aos candidatos negros e mulheres de forma a evitar o atraso generalizado ocorrido no pleito de 2020.

Ou seja, mais uma forma de burlar a legislação em benefício próprio.  Infelizmente.

Que no próximo dia dois tenhamos discernimento para separar o trigo do joio e para lembramos que nem todo aquele que prega Deus, prega a Deus.

Até a próxima!

OBS: A imagem da esquerda retrata o mulato Nilo Peçanha. https://www.pinterest.com/pin/655977501975655751/

A da direita: Jesus segundo concepção artística do designer gráfico especialista em reconstituição facial forense Cícero Moraes. Mostra que judeus que viviam no Oriente Médio no século 1 tinham a pele, o cabelo e os olhos escuros. https://www.bbc.com/portuguese/geral-43560077

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