A primeira morte no Brasil por causa do coronavírus foi de um paciente acima de 60 anos, que sofria de hipertensão e diabetes. A OMS (Organização Mundial da Saúde) já havia elencado que idosos e indivíduos com essas comorbidades estão no grupo de risco e podem desenvolver casos mais graves de covid-19.
O Journal of American Medical Association (JAMA) relata uma taxa mais alta de mortalidade por casos entre aqueles com as seguintes condições pré-existentes:
10,5% para doenças cardiovasculares
7,3% para diabetes
6,3% para doença respiratória crônica
6,0% para hipertensão
5,6% para câncer
No caso do diabetes, as pessoas com a doença enfrentam maiores riscos de complicações ao lidar com infecções de uma maneira geral, e isso provavelmente ocorre com a covid-19.
De acordo com a endocrinologista da Unifesp Dr. Lian Tock, “primeiro precisamos ver se o diabético esta com medicação adequada. Se sim, este paciente está metabolicamente equilibrado e com as defesas imunológica ok. Mas infelizmente o diabético que não tem controle adequado do problema, como se trata de uma doença crônica, altera toda a parte metabólica do seu organismo, levando a problemas cardiovasculares, alteração renal, alteração oftalmológica, ou seja, um organismo em estresse metabólico, afetando a defesa imunológica. Qualquer doença crônica faz com que as defesas do corpo fiquem comprometidas e impede que o nosso sistema imunológico atue com eficácia”.
O fato é que com níveis de glicemia altos temos uma resposta imune mais baixa, levando a uma menor proteção contra doenças. Então esses indivíduos correm um risco maior de ficarem doentes e imunossuprimidos. No entanto, para o diabético, seja tipo 1, seja tipo 2, com bom controle glicêmico, o risco é bem menor.
Outra hipótese para pessoas com diabetes terem maior risco é que, de acordo com publicação recente do JAMA, os coronavírus se ligam às células-alvo por meio da enzima conversora de angiotensina 2 (ECA2), que é expressa (“liberada”) pelas células epiteliais do pulmão, intestino, rins e vasos sanguíneos.
Medicamentos usados nas doenças que acompanham com frequência diabetes tipo 2 aumentam a expressão da ECA2, o que facilitaria a infecção por coronavírus. No entanto, até o momento, as sociedades brasileira de diabetes e de cardiologia reforçam que o tratamento deve ser mantido, conforme as diretrizes, pois não há evidências do efeito negativo dessas classes medicamentosas no contexto da covid-19.
Vale reforçar que todas as investigações são recentes pois trata-se de uma doença nova e, pensando em ciência, tudo pode mudar.