Depois da repercussão negativa da reportagem “O coaching on-line de Heloisa Bolsonaro: as lições que podem ajudar Eduardo a ser embaixador” na revista Época, o Conselho Editorial do Grupo Globo emitiu uma nota nesta segunda-feira (16) para reconhecer que o texto foi um erro.
Na reportagem, um jornalista da Época acompanhou o curso de coaching da esposa do Deputado Federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), Heloisa Bolsonaro, e levou a público os acontecimentos vivenciados ao lado dela.
De acordo com a nota, “como toda atividade humana, o jornalismo não é imune a erros. Os controles existem, são eficientes na maior parte das vezes, mas há casos em que uma sucessão de eventos na cadeia que vai da pauta à publicação de uma reportagem produz um equívoco. Foi o que aconteceu com a reportagem “O coaching on-line de Heloisa Bolsonaro: as lições que podem ajudar Eduardo a ser embaixador”, publicada na última sexta-feira. ÉPOCA se norteia pelos Princípios Editoriais do Grupo Globo, de conhecimento dos leitores e de suas fontes desde 2011. Mas, ao decidir publicar a reportagem, a revista errou, sem dolo, na interpretação de uma série deles”.
Não é figura pública
Realizada pelo jornalista João Paulo Saconi, a reportagem revista dá apenas detalhes de um mês de sessões de coaching online sobre autoconhecimento feitos com Heloísa. Heloísa fala de Eduardo como um de seus “cases de sucesso”, além de Citar Olavo de Carvalho e outros nomes amados pelo bolsonarismo.
O erro da revista foi tomar Heloisa como pessoa pública ao participar de seu coaching on-line. Ela leva, porém, uma vida discreta, não participa de atividades públicas e desempenha sua profissão de acordo com a lei. Não pode, portanto, ser considerada uma figura pública. Foi um erro de interpretação que só com a repercussão negativa da reportagem se tornou evidente para a revista.
“A privacidade das pessoas será respeitada, especialmente em seu lar e em seu lugar de trabalho. A menos que esteja agindo contra a lei, ninguém será obrigado a participar de reportagens”, disse a nota e continua, “quando uma decisão editorial provocar questionamentos relevantes, abrangentes e legítimos, os motivos que levaram a tal decisão devem ser esclarecidos. Não há fórmula, e nem jamais haverá, que torne o jornalismo imune a erros. Quando eles acontecem, é obrigação do veículo corrigi-los de maneira transparente”.
Jornalistas deixaram a redação
Jornalistas da Época deixaram a redação da revista após a polêmica, de acordo com informações do ‘Portal dos Jornalistas’. Ainda não houve a confirmação dos nomes envolvidos e se a decisão partiu do Grupo Globo ou dos próprios jornalistas, mas o motivo seria a nota em que o Grupo Globo se desculpou pela reportagem publicada na última edição da revista sobre Heloísa Bolsonaro.