O auxiliar de serviços gerais Iuri Melo, de 29 anos, sofreu uma queimadura na parte interna das coxas e nos testículos, durante uma cirurgia de hérnia, no Hospital Evanice Rocha, na cidade de Cruz das Almas, no recôncavo da Bahia. O produto usado para limpar o local da cirurgia, que é inflamável, pegou fogo em contato com o bisturi elétrico.

A situação aconteceu em abril deste ano. Desde então Iuri Melo levanta da cama apenas para ir ao banheiro, há um mês e meio, com muita dificuldade. No programa Bahia Meio Dia, da TV Bahia, o auxiliar de serviços gerais relatou o momento de horror na sala cirúrgica.

“Passou o álcool na minha barriga e na virilha, aí o cirurgião deu o corte na minha virilha e gritou para o anestesista que o paciente estava pegando fogo e se ele queria me matar. Me apavorei, tentei levantar, mas chegou uma enfermeira e injetou duas injeções. Apaguei, não vi mais nada”, contou.

Iuri Melo mora em Lauro de Freitas, na Região Metropolitana de Salvador. Ele teve alta cinco dias após o processo cirúrgico. Por causa das queimaduras, Iuri Melo recebeu um atestado médico com afastamento do trabalho por seis meses e a única explicação “intercorrência médica”.

Em casa, o baiano conta com a ajuda de um amigo para fazer os curativos. Iuri Melo registrou boletim de ocorrência e passou por perícia. “Eu fui no DHPP e eles me informaram que não parecia queimadura de primeiro grau, parecia com a de segundo grau. Me assusto com isso”, afirmou Iuri Melo.

A literatura médica aponta inúmeras situações que podem causar queimadura em uma cirurgia. Por exemplo, falhas na segurança do ambiente: fiações defeituosas na sala de cirurgia, curto-circuito ou superaquecimento de sistemas.

Outra situação é uso incorreto da placa de cautério. “O eletro cautério, que é um bisturi elétrico, passa uma energia através do corpo e fica uma placa encostada no paciente, que é para essa energia sair do bisturi, passar pelo bisturi para fazer os cortes e voltar para o aparelho”, explicou o médico cirurgião Victor Felzemburg.

“Eventualmente, alguma alteração no aparelho pode acontecer e ter algum tipo de lesão”. O cirurgião, especialista no tratamento de queimados, ainda explica que o uso da solução de base alcoólica para assepsia é comum.

“A própria substância da solução antisséptica é importante para gerar uma barreira química e impedir que leve contaminação para o ato cirúrgico”, pontuou.

Em nota, o Hospital Evanice Rocha informou que os profissionais foram afastados para apuração do ocorrido e toda assistência necessária foi prestada ao paciente com medicamentos e materiais em mãos e data marcada de retorno para revisão médica.

O auxiliar de serviços gerais diz que tem contado com ajuda da família para comprar remédio e material para o curativo. “A minha rotina tem sido difícil, passando muitas dificuldades dentro da minha casa e alguns amigos me ajudam com alimentação. O hospital me deu um pouco de pomada em um saco, quatro gases, um litro de soro e não entrou mais em contato comigo”.

Fonte//G1

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