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Com a pandemia ainda matando, uma variante mais contagiosa ainda circulando, e também com a multiplicação de casos de gripe, é importantíssimo que a população atenda à recomendação dos médicos e complete a imunização. Mas milhões de pessoas estão com a dose de reforço em atraso.

Para quem decidiu viver com saúde, o esforço vale a pena. Dona Conceição, de 87 anos, tomou a vacina pela terceira vez e ficou em dia com a dose de reforço. “Se tivesse a quarta, eu ia tomar a quarta. Eu acho que é o bem para a gente. É que não tem, senão eu ia tomar a quarta, a quinta, entendeu? Não ia deixar pra depois, não”, afirma.

Mas nem todo mundo faz como a Dona Conceição e volta ao posto de saúde. Milhões de brasileiros que já poderiam ter tomado a dose de reforço ainda não completaram o esquema vacinal, e a carteirinha de vacinação da maioria está atrasada em mais de 30 dias.

Segundo o levantamento da Fiocruz, são quase 12 milhões de atrasados. Por causa dos problemas no sistema do Ministério da Saúde, os pesquisadores fizeram as contas com base nos dados disponíveis até o começo deste mês.

“É bastante provável que esse número seja maior do que o que a gente está registrando até o momento. Esse era o panorama do dia 7. De lá para cá, nós não sabemos. Eventualmente, pode até ter havido uma melhora e as pessoas terem comparecido mais, mas essa é uma situação complicada em plena pandemia, em pleno risco da chegada de uma variante agressiva como a ômicron, a gente estar nesse apagão de dados”, destaca Manoel Barral, pesquisador da Fiocruz.

Quem tomou a segunda dose da vacina há pelo menos quatro meses já pode receber a dose de reforço. A mudança foi anunciada esta semana pelo Ministério da Saúde.

Brasil afora, prefeituras têm ido atrás de quem não aparece no posto. Na cidade paulista de São José dos Campos e em Belém, o carro da vacina estaciona cada dia em um bairro. Em Camaragibe, na Região Metropolitana do Recife, o morador é vacinado sem sair de casa.

“São uma benção, porque elas não medem distância. Sabe que uma pessoa não pode ir lá, ela vem. Com essa doença, ninguém brinca. Eu já perdi parente. A gente até se emociona”, diz a pensionista Maria de Lourdes Araújo.

A pesquisadora em Saúde Pública Marcia Castro explica a importância da busca ativa e de campanhas de esclarecimento:

“A gente tem que se lembrar que algumas pessoas talvez ainda não foram tomar a dose de reforço por alguma dúvida: qual que tem que ser a vacina, qual é o período. Então, você pode trazer a informação correta, trazer a pessoa pra completar o regime vacinal. A busca ativa é importantíssima, mas ela ainda não é uma estratégia que a gente veja em todos os cantos do Brasil”.

Quem acompanha a evolução da nova variante do vírus afirma: é fundamental tomar a dose de reforço para aumentar a proteção.

“Quando a gente pega sangue de pessoas que foram vacinadas, a inibição da ômicron é melhor se elas receberam três doses. O que está enchendo os hospitais na Europa e nos Estados Unidos são, fundamentalmente, pessoas que não foram vacinadas ou têm um esquema de vacinação incompleto. Não poderia ter uma hora mais importante para a gente completar o esquema de vacinação”, afirma Esper Kallás, médico da Faculdade de Medicina da USP.

*G1

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