Era bom demais ver as casas, as janelas, paredes e cobogós das janelas dos edifícios residenciais e os empresariais tomados de bandeiras verdes, azuis e amarelas. Bandeiras clássicas, àquela criada pelos maçons republicanos em 1899 e outras criadas pelos publicitários no período da Copa de 1970 quando o Brasil na TV a cores se sagrou tricampeão no México e fez de Pelé o único e não venha me dizer que o português Ronaldo (que é bom demais) Maradona (que foi genial) e Messi que é acima da média dos outros, são melhores que Pelé que aí á atestado de burrice ou no mínimo tentativa de apropriação indébita.
Mas como era bonito ver as bandeiras – algumas até mesmo feitas de tacos, improvisadas – tremulando em mastros de bambus, nos portais, nas grades dos jardins e nos telhados. Bandeiras que faziam a alegria por colorirem a cidade, por integrarem as pessoas num só ato que era o de torcer por amor absoluto e irrestrito à Seleção Brasileira.
Nesses jogos do Brasil na Copa do Catar, nem mesmo com a insistência das equipes de TV em buscar os bairros onde as pessoas ainda se dão ao trabalho de decorar as ruas, mesmo que seja mais por tradição do que por gesto de louvação, e o que se vê na maioria doas reportagens é o enquadramento em Plano Americano do repórter ou nos closes da cena, para não se mostrar o vazio lateral da imagem, o que se observa mesmo é que o país está diferente.
No bairro onde moro cheio de prédios altos – muitos prédios – são raros aqueles em que os moradores postaram a bandeira na janela nos dias dos jogos do Brasil. Parece que não existe bandeira na gaveta e claro que todo mundo que gosta da seleção tem uma bandeira guardada. Pode até não ser motivo próprio exibi-las, mas quem tem filhos pequenos e adolescentes sabe que eles gostam da “folia” e a bandeira também representa essa alegoria. A bandeira foi expropriada de uma das suas mais nobres funções.
As bandeiras sumiram dos prédios, das praças e dos campos. Tudo bem que em vários cantos do país o torcedor tem se reunido para comemorar as vitórias, ver os jogos, mas com certeza não encontro aquele frisson dos carros embandeirados, passando buzinando antes dos jogos. Cadê os cortejos de veículos após cada vitória. E a cada gol da seleção espero ouvir o espoucar de fogos e ou estou ficando surdo ou nem isso, mas ausência de fogos é coisa que os cães agradecem. Eu mesmo fico com vontade de colocar uma bandeira na varanda. E se interpretarem mal? O tempora! O mores!
*Jolivaldo Freitas
Escritor e jornalista; E-mail: Jolivaldo.freitas@yahoo.com.br
Foto Capa: Douglas Magno/AFP