Passado o primeiro dia do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), é hora de pensar na matemática, na química, física e biologia. Domingo, os candidatos enfrentam a segunda e última etapa da maratona de avaliações, pondo à prova os conhecimentos nas áreas de matemática e de ciências da natureza. Os testes são considerados pesados por causa da quantidade de cálculos a serem feitos. Se na primeira fase o exame cobra do aluno a capacidade de leitura e interpretação, na segunda exige dele raciocínio e a habilidade de driblar o cansaço diante de fórmulas e contas.
Este ano, a área de exatas terá 30 minutos a mais de prova, num total de cinco horas. Com isso, o tempo médio de três minutos para cada questão ganha 20 segundos de acréscimo. O professor de matemática Félix Munoz acredita que a edição 2018 vai obedecer ao modelo cobrado nos anteriores, uma vez que não houve alteração no edital. Na matemática, o Enem também mostra a força da leitura e o quanto ela é fator importante no exame – cada questão vem acompanhada de um texto. “O primeiro desafio é estar preparado para resolver um grande número de questões. O outro é a habilidade de fazer contas fundamentais (adição, subtração, divisão e multiplicação), de forma manual e com destreza para resolver no tempo de prova”, ressalta Munoz.
Por isso, ele chama a atenção para começar resolvendo pelas questões mais fáceis, deixando as mais difíceis para o fim da prova. A estratégia é importante por causa da teoria de resposta ao item (TRI), o sistema estatístico de correção do Enem que avalia as respostas e tenta identificar aquelas que foram dadas por chute. Entre os conteúdos mais cobrados estão grandezas de razão, proporção e regras de três, acompanhados de porcentagem, estatística e geometria espacial. Já os que mais geram dificuldade, na opinião do professor, são as questões ligadas a logaritmos, análise combinatória e probabilidade. A boa notícia, segundo ele, é que desde 2009 os enunciados têm ficado mais claros, evitando pegadinhas e as duplas interpretações.
“Cada questão é contextualizada dentro de um assunto real, que dialoga com várias disciplinas e interpretação de textos, gráficos e tabelas. A interpretação é muito forte, também na prova de matemática”, destaca o professor do Bernoulli. Um detalhe deve ser observado. “As alternativas têm sempre valores que resultam de cálculos intermediários, o que pode levar o candidato ao erro. Por isso, verificar se está respondendo ao que foi perguntado antes de passar a resposta para o gabarito é fundamental”, acrescenta.
Relacionamento das informações
Uma prova que trabalha muito com a relação entre as informações. Essa é uma das principais características da área de ciências da natureza, cobrada no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Por isso, clareza nos conceitos relacionados à questão é fundamental. “Vai ter uma abordagem naquele assunto, que por sua vez tem um conceito e o candidato tem de ficar atento a ele para relacionar essas informações”, adverte a professora Raquel Malta.
Nas questões de química, por exemplo, ela pede atenção a detalhes ligados a equilibrar equação química, operações matemáticas que envolvem cálculos e a pequenas dicas que sempre estão no enunciado. Interpretar é a chave do teste. “Relacionar aquilo que viu com a informação que está sendo colocada naquela questão. Ela pode estar posta de diversas formas, como imagem, charge e gráfico”, diz a professora. A expectativa é também de uma avaliação parecida com a de anos anteriores.
Assuntos recorrentes têm mantido essa padronização, entre eles, cálculo químico, química orgânica com reconhecimento de função e reação orgânica. Nesse quesito, em geral, a questão traz uma reação na qual mostra o que ocorre e pede para o candidato reproduzi-la com outra substância parecida com a que está no modelo. Também aparecem constantemente nas provas equilíbrio de equação química (que vai influenciar nos cálculos químicos) e perguntas sobre a matéria de equilíbrio químico. Desde o início do Enem, em 1998, separação de misturas é cobrado. Por fim, eletroquímica é também conhecimento a ser priorizado.
Raquel lembra que é interessante o aluno saber previamente alguns pontos do Enem. “O exame não traz tabela periódica. Não precisa memorizá-la por inteiro, mas é preciso ter noção e algumas informações básicas, como os elementos de algumas colunas”, avisa a coordenadora.