TVs modernas são uma maravilha. Conectadas à internet, elas permitem que você escolha o que assiste, sem que você fique preso à programação da TV a cabo. Mas a inteligência dos aparelhos também toca em uma polêmica em voga na atualidade: sua privacidade. Segundo o “New York Times”, empresas especializadas em marketing digital coletam informações do que está na tela da televisão, a localidade dela e até o número de dispositivos ligados à mesma rede.
O maior jornal americano pegou como exemplo a empresa Samba TV, que recebeu financiamentos milionários de conglomerados como o Time Warner ou o bilionário Mark Cuban, dono do Dallas Mavericks, time da NBA. Ela desenvolveu um software que pode ser habilitado em certos modelos de TVs das macas Sony, Philips, Sharp e TCL, o qual é apresentado como um sistema que recomenda programas e oferece promoções ao reconhecer o que é assistido naquele aparelho.
Mais de 90% dos proprietários dos televisores com o programa Samba Interactive TV aceitam a proposta da empresa, sem saber o quanto a empresa coleta de informações – e o que ela faz com isso. O software é capaz de rastrear o que é exibido na tela, desde programas de TV, propagandas, Netflix ou jogos de videogame, além de outros aparelhos conectados à mesma rede de internet, seja seu celular, notebook ou tablet.
A Samba TV faz dinheiro recebendo de anunciantes que querem ter seu conteúdo exibido a certas pessoas. A empresa diz não ceder os dados que obtém a terceiros; ela recebe destes terceiros para direcionar as propagandas deles a indivíduos interessados em seus produtos.
Caso alguém queira saber direitinho o que a empresa faz com essa bisbilhotagem da sua TV, é necessário ver os termos de serviço e a política de privacidade, os quais somam mais de 10 mil palavras.
Executivo-chefe da Samba TV, Ashwin Navin minimizou as preocupações a respeito do serviço que a empresa providencia. É bem direto sobre o fato de que isso é o que o software faz. Ele lê o que está na tela para direcionar recomendações e ofertas especiais. Tomamos muito cuidado para colocar os consumidores no controle dos dados e dar a eles a clareza sobre para que nós usamos estes dados”, afirmou.
Além da Samba TV, outras empresas oferecem serviços semelhantes: a Inscape e a startup Alphonso. Fica o alerta para quem achar a oferta de curadoria bonitinha: alguém pode estar de olho no que você assiste (ou joga) do sofá de casa.