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Um homem hospitalizado na Bahia com Covid-19 possivelmente foi infectado também por um fungo, tornando-se o provável primeiro caso de Candida auris no Brasil. Ao emitir um alerta na segunda-feira (7), a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) afirmou que trata-se de um “fungo emergente que representa uma séria ameaça à saúde pública”. Descoberto em 2009, o fungo já se alastrou por mais de 30 países e causa preocupação por ser “multirresistente” a medicamentos e fatal em cerca de 39% dos casos.
Possivelmente vítima de duas novas doenças, uma causada por um vírus e outra por um fungo, o paciente baiano representa um futuro em que estaremos mais vulneráveis a patógenos que evoluem para nos infectar com maior eficácia e que ultrapassam todas as fronteiras, explica o médico infectologista Alessandro Comarú Pasqualotto, professor da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA).
“Embora ela seja muito resistente e preocupante, não sei se a Candida auris vai chegar ao ponto de infectar muita gente. Em termos globais, ainda são poucos os casos. Não é porque temos a suspeita de um caso no Brasil que temos que fechar as fronteiras. Mas, dada a sua resistência, existe sim um alerta, porque (o fungo) pode causar surtos em pequenos núcleos, como no ambiente hospitalar”, explica o médico, à frente dos laboratórios de biologia molecular e micologia da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre e membro da Confederação Europeia de Micologia Médica (FECMM, na sigla em inglês).
De acordo com estimativas publicadas por pesquisadores chineses na revista científica BMC Infectious Diseases em novembro, há ao menos 4,7 mil casos de infecção pela Candida auris já registrados em 33 países, com taxa de mortalidade média em 39%.