Venho de um tempo em que era um prazer e uma honra participar do desfile do 07 de setembro, mesmo sem entender direito o que era o sistema.
Venho de um tempo em que para desfilar, passávamos nossas saias plissadas azul-marinho, prega por prega, engraxávamos nossos sapatos até o brilho transluzir. Nossas meias vinham até o joelho milimetricamente.
Venho de um tempo em que o respeito à nossa bandeira era essencial e aprendíamos a letra cantando e interpretando palavra por palavra, mesmo sabendo que nossos bosques não teriam mais vida neste século de não amor à Amazônia.
Hoje com tristeza, e agora mais do que nunca e conhecendo o sistema, vemos nossos estudantes sem nenhum entusiasmo moral e cívico. Por incrível que pareça (e não é de se estranhar), as escolas oferecem de um a dois pontos no trimestre, para não “impormos”, mas condicionarmos estes meros pontos para um desfile e que mesmo assim, só vão aqueles que realmente precisam passar para não perder o ano e olhe lá!
Hoje, perdeu-se o respeito à nossa bandeira, os estudantes não cantam mais, ainda trocam a clara pela clava, não ficam em posição ereta de respeito e a posição descontraída para não dizer desleixada, não impõe mais o civismo. Não aplaudem mais!
São raros aqueles que demonstram pelo olhar um brilho e o desejo de um sonho ou um amor eterno seja símbolo.
Não deitamos mais em berço esplêndido. Deitamos em camas duras, de poucas oportunidades, removidas pelas políticas públicas, nem tememos, nem adoramos, nem a própria morte em setembros amarelos.
Hoje nem o presidente é mais idolatrado e muito menos respeitado, entre outras mil, és tu Brasil ecos de indignação pelos ares nacionais.
De amor e de esperança à terra desce e não cresce.
Percebemos que o currículo escolar deste século, crítico, social, cultural e multicultural de Libâneo, Saviani e Paulo Freire já não mais humanizam, não libertam, não conscientizam e nem tão pouco reproduzem a ideologia dominante, fogem à luta, sem idolatrar.
Até que ponto precisamos de pontos para bater o ponto na avenida?
Até que ponto chegamos neste Brasil de terras adoradas entre outras mil, insustentáveis?
Até que ponto, dos filhos deste solo já não são mães gentis, és Pátria desamada e armada, Brasil!
Até que ponto chegamos, que nem os pontos para passar de ano, os levam a um desfile de 07 de setembro?
Até que ponto chegamos.