O analista de Safras & Mercado, Gil Barabach, deu algumas dicas do que esperar do mercado da soja nesta semana. Confira abaixo as dicas:
– O relatório baixista do USDA ajuda a acentuar a inclinação negativa do preço da soja em Chicago. O corte no estoque dos EUA ficou, praticamente, dentro do esperado, enquanto os estoques mundiais ficaram acima do projetado pelo mercado. A safra brasileira é estimada pelo USDA em 116,5 milhões de tonelada, acima do que o mercado projetava de 115,4 (Safras 115,7). E o departamento norte-americano manteve safra na Argentina em 55 milhões de t. Em linhas gerais, a oferta segue ampla e o abastecimento tranquilo;
– O foco do mercado deve continuar centrado nas notícias sobre o acordo comercial entre EUA e China. Em termos gerais, prevalece o otimismo para um acordo, mas a demora na assinatura e a falta de clareza nas negociações trazem dúvidas e alimentam ajustes negativos na curva de preços na CBOT;
– Lógico que o anúncio do acordo deve promover uma correção positiva, ainda mais que o mercado está muito achatado. Mas o cenário fundamental fraco deve continuar como contraponto de alta, inibindo ganhos mais expressivos em Chicago. De outra forma, não dá para par ao produtor se empolgar demais;
Outro ponto de atenção e especulação é com o primeiro relatório de intenção de plantio da próxima safra norte-americana, que será divulgado dia 29 de março. – – O fórum do USDA antecipou queda na área de 4,7% para 2019. O andamento das negociações entre China e EUA pode confirmar ou não esse cenário preliminar;
– As vendas de soja dos EUA seguem abaixo do esperado, com compras chinesas arrastadas. Isso ajuda a limitar as investidas de alta na CBOT. As vendas acumuladas para a China seguem bem aquém das 10 milhões de projetadas a partir da trégua nas tarifas. Em linhas gerais, os silos continuam cheios nos EUA;
– Embora a cotação interna tenha reagido junto com o dólar e, com isso, favorecido a realização de negócios, ainda preocupa o baixo comprometimento interno com a safra nova. Até o último dia 08/mar as vendas dos produtores da safra 18/19 estavam em 42,9%, bem abaixo da média para o período (50,3%). A confluência de vendas mais lentas, produção cheia na Argentina e concorrência com os estoques dos EUA pode gerar um atrito comercial e jogar contra os preços ao longo do 1 semestre aqui no Brasil;
– Por isso, é interesse o produtor aproveitar repiques no dólar e na CBOT para ir fixando posições e defendendo sua margem, especialmente aqueles ainda mal vendidos com safra nova. A disparada do dólar, que volta a se aproximar da linha de R$ 3,90, pode servir de estímulo aos preços de soja e, com isso, melhorar a liquidez dos negócios;