O Brasil deve se consolidar na próxima década como o principal produtor de soja do planeta, ultrapassando – e bastante – os Estados Unidos. A estimativa é da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), que publicou nesta segunda-feira (8) o relatório “Perspectivas Agrícolas 2019-2028” em parceria com a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). O estudo fornece uma avaliação das perspectivas para os mercados futuros de produtos agropecuários em escala global.
O volume total produzido de soja no Brasil deve aumentar em 25% no período, passando dos atuais 115 milhões de toneladas (estimativa da safra atual) para 144 milhões de t. Os EUA, em 2028, devem produzir 121 milhões de t. A produção global da oleaginosa também deve seguir o ritmo de crescimento na próxima década, expandindo a uma taxa média de 1,6% ao ano, com aumento da área cultivada.
A produção de outras oleaginosas deve aumentar 1,4% ao ano na próxima década, refletindo um crescimento mais lento em relação aos últimos dez anos, devido em parte à redução da demanda por óleo de canola como matéria-prima na produção de biodiesel na Europa. O esmagamento de soja e outras sementes em farelo e óleo continuará a dominar o uso e aumentar mais rapidamente do que outros usos, como o consumo direto de alimentos / rações de soja, amendoim e sementes de girassol. “No total, 91% da produção mundial de soja e 87% da produção mundial de outras oleaginosas são projetados para serem moídos em 2028”, diz o documento.
De acordo com a FAO e a OCDE, a demanda global por produtos agrícolas deverá crescer 15% na próxima década, enquanto o crescimento da produtividade agrícola deverá aumentar um pouco mais rápido, fazendo com que os preços ajustados das principais commodities, como a soja, permaneçam abaixo dos níveis atuais.
O mesmo fenômeno deve ocorrer no milho. O preço mundial do cereal, estimado em US $ 160 por t em 2018 deve chegar a US $ 186 por t em 2028. Segundo o relatório, embora os estoques globais do produto estejam em declínio, os esforços de estocagem na China, com preços mais baixos de energia e dos insumos, e projeções de crescimento mais lento na demanda de exportação em comparação com a década anterior limitarão os ganhos reais no preço internacional do milho. Assim, enquanto o preço nominal deve aumentar, o crescimento vai perder para a inflação e, como resultado, o preço real deve cair.
De modo geral, a produção global de cereais está projetada para crescer 1,2% ao ano entre o período base e 2028, atingindo 3,05 bilhões de t em 2028. Ao longo do período de previsão, a média global de produtividade de cereais deverá crescer 1,1% ao ano (mais lenta que os 1,9% verificados na década anterior), impulsionada pelos avanços da biotecnologia, mudanças estruturais em direção a fazendas maiores e melhores práticas de cultivo.
Fonte//Gazeta do Povo