Festejada pelos políticos como uma alternativa mais em conta em tempos de escassez de recursos para campanhas eleitorais, a propaganda paga nas redes sociais tem surpreendido os marqueteiros pelo custo crescente e resultado prático cada vez mais difícil de ser alcançado. A depender do conteúdo de um post patrocinado no Facebook, se paga até R$ 2 por uma “curtida” ou novo “fã”, contra R$ 0,5 até o começo do ano. Por causa do valor considerado elevado, pré-candidatos já passaram a reavaliar suas estratégias de marketing nas redes sociais durante as eleições 2018.
Segundo especialistas ouvidos pelo Estado, os preços seguem dois fatores: a rejeição do eleitorado em geral diante de um anúncio político na sua própria página da rede social, o que dificulta a aceitação do conteúdo transmitido; e a falta de transparência das empresas no momento da cobrança do serviço – diferentemente de emissoras de TV e rádio, não há uma tabela de preços única para páginas nas redes.
A ferramenta que impulsiona posts pagos no Facebook, por exemplo, funciona como num leilão. É possível impulsionar a partir de R$ 1. O anunciante determina o valor que deseja investir, o público que quer atingir (discriminando sexo, idade e cidade), o período da ação de publicidade e a meta a se alcançar, como número de curtidas ou novos seguidores, os chamados “fãs”.
De acordo com a mensagem impulsionada, esse custo-benefício tem se tornado cada vez mais caro, segundo Moriael Paiva, vice-presidente da área digital da Ideia Big Data. “Uma curtida custa agora R$ 2 e com tendência de alta ao longo da campanha. Todo mundo estava empolgado com isso, já que o impulsionamento é uma das grandes novidades dessa eleição, mas vai ser preciso muita estratégia e conhecimento para o resultado ser o esperado e o dinheiro não ir para o ralo”, disse.
O cientista político Andrei Roman, da empresa de Big Data Atlas Político, também avalia que a estratégia deve ser o ponto-chave das campanhas digitais. Para ele, o ambiente de mídias digitais está mais competitivo, o que pode ser um “balde de água fria” para quem pensava que poderia alcançar eleitores em potencial com poucos recursos. “Quem tem a melhor estratégia e mais dinheiro, tende a conseguir melhor desempenho”, afirma Roman.
A eficácia dos impulsionamentos é calculada pelas equipes de campanha a partir de uma conta: divide-se o valor empregado na campanha pelo resultado obtido em curtidas ou novos seguidores. Por exemplo, se determinado candidato investiu R$ 1 mil em um post que rendeu 500 novos fãs, cada um deles “custou” R$ 2.
Planalto – Entre os presidenciáveis, o uso da ferramenta é diversificado. Tem quem não use esta ferramenta, como o ex-ministro Ciro Gomes (PDT) e o deputado federal Jair Bolsonaro (PSL-RJ). Há quem o faça com parcimônia, como a ex-ministra Marina Silva (Rede) e o ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB), com, respectivamente, dois e um anúncios, até a sexta-feira passada. O terceiro grupo é formado por quem investe pesado nesta alternativa.
O presidenciável do Novo, João Amoêdo, por exemplo, gasta cerca de R$ 35 mil por mês com o impulsionamento de posts. O valor é 10% maior em relação ao que estava previsto inicialmente por sua equipe.
Nesta sexta-feira, 13, Amoêdo tinha três anúncios pagos publicados. Na semana passada, eram cinco impulsionados no ar e 1,1 milhão de seguidores. Ele tem seis vezes mais “fãs” que o campeão até aqui em número de anúncios pagos publicados, Henrique Meirelles (MDB). Também na sexta, o ex-ministro tinha impulsionado seis publicações – uma semana antes, foram 18. A equipe do presidenciável não revelou os valores e usou a mesma justificativa da pré-campanha de Amoêdo: trata-se de uma “estratégia sigilosa”. Este último, contudo, confirmou que está mais caro anunciar no Facebook. Os gastos das campanhas serão informados nas prestações de contas ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).