O presidenciável do PSL, Jair Bolsonaro, esquivou-se da polêmica em que seu candidato a vice, o general Hamilton Mourão, se envolveu em seu primeiro evento público após ser oficializado na chapa. Em discurso para empresários em Caxias do Sul, o general afirmou que o Brasil “herdou a cultura de privilégios dos ibéricos, a indolência dos indígenas e a malandragem dos africanos”.
“Eu respondo pelos meus atos, ele pelos dele”, resumiu Bolsonaro ao ser questionado sobre o discurso de Mourão. Ele também avaliou que as declarações não mancham sua campanha e se confundiu ao falar do significado da palavra indolência. “É a capacidade de perdoar? O índio perdoa”, desconversou.
Segundo os dicionários, indolência significa desleixo, preguiça ou apatia. A capacidade de perdoar, que Bolsonaro tentou descrever, relaciona-se com a indulgência.
No evento, Mourão falava sobre subdesenvolvimento e conflitos políticos e sociais da América Latina, que chamou de “condomínio de países periféricos”. Ao mencionar a “malandragem” dos africanos, desculpou-se com o vereador negro Edson da Rosa (MDB), que estava na mesa de autoridades.
“E o nosso Brasil? Já citei nosso porte estratégico. Mas tem uma dificuldade para transformar isso em poder. Ainda existe o famoso ‘complexo de vira-lata’ aqui no nosso país, infelizmente. Nós temos que superar isso. Está aí essa crise política, econômica e psicossocial. Temos uma herança cultural, uma herança que tem muita gente que gosta do privilégio. Mas existe uma tendência do camarada querer aquele privilégio para ele. Não pode ser assim. Essa herança do privilégio é uma herança ibérica. Temos uma certa herança da indolência, que vem da cultura indígena. Eu sou indígena. Meu pai é amazonense. E a malandragem, Edson Rosa [vereador negro presente na mesa], nada contra, mas a malandragem é oriunda do africano. Então, esse é o nosso cadinho cultural. Infelizmente gostamos de mártires, líderes populistas e dos macunaímas”, disse Mourão.