Com 14 mil habitantes, o distrito de Rosário, em Correntina, no extremo oeste baiano, se destaca pelo cultivo de algodão, de milho, de café e, especialmente, de soja. O agronegócio é responsável por 51,29% do Produto Interno Bruto (PIB) do município, segundo dados do IBGE. Tanto potencial agrícola atraíram investidores como a instalação de um dos maiores postos de combustíveis da região e a construção de um parque aquático com investimento de R$ 160 milhões em uma área de 120 mil m².
Rosário já abriga dez concessionárias agrícolas que fornecem para fazendas tratores, colheitadeiras e outros equipamentos necessários para a produção. Também há no distrito empresas de insumos e defensivos agrícolas. Tem ainda um banco de uma cooperativa agrícola que realiza todos os serviços. Mas o que sobra em produção agrícola falta em serviços básicos. Segundo moradores, saúde e educação deixam muito a desejar. No local não tem hospital e o posto de saúde mal funciona. Os jovens acabam indo estudar em Posse (GO), por falta de oportunidades.
Tanto crescimento trouxe uma ambição dos moradores, o Rosário quer virar cidade. Cerca de 50 distritos baianos anos bateram à porta da Comissão Especial de Assuntos Territoriais e Emancipação da Assembleia Legislativa da Bahia. Dessas, cerca de 30 têm condições para tal, segundo o deputado estadual Zó (PCdoB), presidente da comissão na Assembleia.
“Teria de aumentar o repasse do governo federal do Fundo de Participação dos Municípios (FPM) ou dividir o atual valor com os que já foram criados? Se isso ocorrer, os municípios já existentes perderiam receitas. Acho que vai ter ainda muito debate nesse sentido”, aponta o deputado.
Antes de sonhar em dividir o FPM, os distritos precisam da aprovação do Projeto de Lei Complementar 137/2015, que tramita no Congresso em regime de urgência. O projeto, de autoria do senador Flexa Ribeiro (PSDB/PA), impõe critérios para a criação de cidades. Nesta quarta-feira (4), ele voltou a entrar na ordem do dia, mas a sessão foi encerrada antes da votação – o mesmo aconteceu na terça-feira (3).
Apoio para crescer
Situação diferente ocorre no distrito de Roda Velha, também no Oeste e pertencente a São Desidério, a 130 quilômetros. Lá, a prefeitura apoia a emancipação do distrito de 13 mil habitantes, diz o subprefeito de Roda Velha, Ari Mário Mrovinski.
“Perderia um pouco da arrecadação, mas não chega a afetar muito. O setor agrícola é muito forte e dá para proporcionar desenvolvimento às duas cidades, caso ocorra a emancipação”, diz Mrovinski.
Lá, existe até uma agência do Banco do Brasil. O forte no distrito é a soja, com 1,2 milhões de hectares plantados. Com algodão, são 260 mil hectares.
Mrovinski afirma que a prefeitura de São Desidério vem preparando Roda Velha para virar cidade. Como exemplo de ações, cita o posto de saúde com médico e ambulância 24 horas, calçamento e asfaltamento de ruas, melhorias em praças e outros espaços públicos. Por lá também passa a BR-020, que liga Brasília (DF) a Fortaleza (CE).
Fonte: Correio 24h/ Mário Bitencourt