Já não era sem tempo- Por Maurício Fernandes
Voltei!
Saudações!
Escrevo hoje me desculpando pela ausência durante estas últimas nove semanas. Foi necessário.
Sendo brasileiro, além de engenheiro, tenho um pouco de médico, técnico e louco. Portanto não me furtarei de meter a mão nesta cumbuca.
Nasci em 64, meses após a “revolução” e as notícias me dão conta que baixado o Primeiro Ato Institucional, uma devassa no Parlamento brasileiro cassou de imediato quarenta parlamentares. Talvez hoje, alguns considerem esta uma boa medida!
Na minha primeira infância vi desfile da TFP, aprendi os hinos militares na primeira escola e cantei “Era um garoto que como eu…” que ouvia no disco da banda tupiniquim “Os Incríveis” que também tocava odes aos generais.
Na adolescência estudei no mesmo colégio aonde, quinze anos mais tarde, sentou-se o Juiz Moro. Num grupo de jovens, muitos até hoje amigos, participei de muitas atividades, desde a formação de lideranças juvenis, trabalhos em bairros carentes, festivais de música sacra. Aprendi que o Brasil era muito mais diverso e complexo do que podia imaginar. Encantei-me com as “Diretas já”, fiquei estarrecido com a morte do Tancredo, torci pela constituição cidadã de Ulisses, e, ingenuamente achei que junto com Collor toda banda podre iria cair. Enganei-me! Hoje, vejo que os mesmos de 1964, por meio da sua descendência, e de 1992, continuam a decidir nosso destino, quase sempre a favor do próprio bolso, e sempre a tungar recursos dos cidadãos deste país. É possível resumir tanta discussão na simples luta pelo poder, pela posse da cadeira e todas as benesses que ela traz.
Nada mudará de fato, com a trupe que está a comandar o espetáculo a partir do parlamento. Talvez os métodos de corrupção sejam aperfeiçoados, de modo que os mesmos que hoje se locupletam assim continuem, com menores riscos. O projeto popular de combate à corrupção está parado no congresso, enquanto os muitos projetos que afrouxam penas e manietam as investigações estão sendo conduzidos com agilidade nas diversas comissões, pelos mesmos parlamentares que gritam por “honestidade”, encontrando eco numa sociedade individualista que clama por justiça, mas reclama de ter que registrar sua doméstica, seu peão de fazenda, ou, seu operário da construção.
Independentemente de quem fique, ou, de quem conquiste o poder, o futuro do Brasil, em médio prazo, é nebuloso. Se em 70 eu era o futuro deste país, hoje sou seu presente e mais a frente serei o seu passado, e temo descobrir que estive este tempo todo enganado, pois o futuro a nós não pertence, mas sim àqueles que nos gabinetes decidem para onde iremos e a que custo…
Até a próxima!
Maurício Fernandes