Um conto pelo Natal- Final: Por Mário Machado Júnior
– O natal roubou o senhor de nós. Não pago mais um conto pelo natal. Como não tenho motivos?
– Roubou realmente ou foi você que resolveu se privar deste momento?
Começou a chorar, caiu em si de que ele era quem havia deixado falar mais alto os sentimentos mais perversos possíveis.
– E agora o que eu faço?
– Veja uma lição que a vida me ensinou: Embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo, qualquer um pode começar agora e fazer um novo fim. Dê este novo fim a sua família, mas dentro dos mesmos valores com os quais você foi criado. Um evento pode mudar muita coisa, sem duvida, mas jamais pode mudar a essência das pessoas. Recomece, você pode. Saiba que eu nunca abandonei vocês, nem muito menos fui roubado de vocês, apenas segui a jornada que o Criador me deu.
Antes de dizer ou ouvir mais alguma coisa, acordou. Estava de volta em seu quarto, em sua casa, com sua família. Pegou o telefone e ligou para a mãe, depois para a irmã e por fim para sua tia, chamando-as para celebrar o natal com sua família. Surpresa para elas o convite, surpresa para ele ao aceitarem.
Chamou sua mulher e foram ao mercado, deixando as crianças com a vizinha. Um frango, gêneros para uma farofa, produtos para um bolo de chocolate, refrigerante, uma sidra, ainda que sob o olhar atento de sua mulher. A noite chegou. A casa, com novo perfume, esbanjava paz e alegria.
Sua mãe, irmã e tia chegaram juntas. Ele as recebeu na porta de casa, beijando-as com carinho.
Sua mãe, sem entender o que ocorria lhe pergunta: – Filho o que houve, por que esta mudança repentina?
– Mãezinha, descobri, depois de mais de 30 anos que, quem matou o natal não foi à bala que acertou meu pai, mas o meu coração endurecido e inconsequente. Resolvi fazer um novo começo e buscar um novo fim em minha vida, da minha mulher, de meus filhos e da nossa família.
Reunidos a mesa, com a fartura que sua vida podia lhes oferecer, Miguel, sua mulher, filhos, sua mãe, irmã e tia celebravam, depois de mais de 30 anos, o natal novamente. Sem presentes, sem loucuras. Apenas a família.
Miguel a cabeceira da mesa olhava com alegria sua família e somente sua família, celebrando o natal. Desviou o olhar por um segundo em direção ao retrato do pai sob a estante, não tinha certeza, mas podia jurar que seu pai lhe piscara o olho.
Enfim e por fim a família renasceria aquela noite e seria ensinamento para todos. A família!
FIM, ou um novo começo?