Arlequim ou Colombina? Só palhaços!- Por Mário Machado Júnior
Máscara Negra – “Quanto riso, oh, quanta alegria! Mais de mil palhaços no salão, Arlequim está chorando pelo amor da Colombina no meio da multidão.”
A marchinha cantava risos e alegrias, palhaços no salão, e um amor em suspense, mas isso era antigamente, carnaval de 1967. Hoje inexistem risos, inexistem alegrias, muito menos amor, só sobraram os palhaços e outras cositas mas.
Alguém me mostra onde está a crise? Alguém viu crise entre os blocos que já desfilaram, e isso desde o outro fim de semana? E não venham ofender a minha inteligência dizendo que são meios de extravasar as frustrações e raivas. Há 50 anos ouço falar sobre crise, sobre carnaval e olha que não época negra, 1964 – 1985, faziam-se carnavais e desfiles em sambódromos.
E restam os palhaços, nada de Arlequim, muito menos Colombina.
Os palhaços somos nós e continuaremos sendo eternamente, pois desde o inicio do ano damos folga aos absurdos e abusos e nos deleitamos nos braços de Momo e Baco. Nem parece que o país está em crise.
Querem um exemplo: não sei se foi de proposito, estratégia, maldade (para não dizer outra coisa), mas o Bloco da Preta, no RJ, desfilou na Rua 1º de Março, justamente onde uma semana atrás manifestantes a fechavam em protestos contra o governo estadual. Para quem não conhece o Rio, a 1º de Março é justamente onde fica a Assembleia Legislativa. A rua que serve para protestar serve para divertir. “A boca que beija é a mesma que escarra.” Augusto dos Anjos.
200 milhões de palhaços no salão, que insistem em ser felizes e que me lembram da piada da hiena, faz sexo uma vez por ano e come seus próprios dejetos, ela ri do que?
Temos o que comemorar? Temos o que celebrar? Desde o inicio do mês já vi em diversos jornais os resultados das “festas”. São diversos os números de crimes, acidentes, mortes.
A partir do dia 06 de março deixaremos nossas fantasias de lado e encararemos de frente uma nova realidade, a nossa realidade e ai restará tao somente a ressaca de dias de folia.
Não sou contra o carnaval, apenas não gosto, mas respeito quem goste. Querem se divertir? Fiquem a vontade, pois o corpo é seu (particularmente o fígado), o bolso é seu, o sangue é seu, assim como o esperma e o ovulo são seus.
Tirando o que não presta, vou beijar-te agora, não me leve a mal, pois é carnaval.